Volta do carvão aos leilões poderia destravar US$ 11 bi em projetos no País
Fonte:http://www.gsnoticias.com.br/noticia-detalhe/todas/volta-carvao-aos-leiloes-poderia-destravar-us-11-
Entre os investidores interessados no mineral extraído no Sul do País estão os japoneses, que poderão investir cerca de US$ 2 bilhões em um projeto de usina com 45% de eficiência produtiva
Área de mineração de carvão a céu aberto da Copelmi na região do Baixo Jacuí, no Rio Grande do Sul
Foto: Divulgação
O aceno da União de que colocará usinas de carvão no próximo leilão de energia, em dezembro/17, pode destravar investimentos de até US$ 11 bilhões nos próximos anos, segundo a Associação Brasileira do Carvão Mineral (ABCM).
"Precisávamos dessa sinalização do governo de contração de novas fontes de energia para a atração de investidores", diz o diretor de novos negócios da Copelmi Mineração, Roberto Faria. "Isso está encorajando os japoneses a investir no Brasil", completou, em referência à portaria 293 publicada pelo Ministério de Minas e Energia (MME), no início de agosto, que possibilitará a contratação de termelétricas a carvão, gás e biomassa.
Segundo Faria, a expectativa é de que uma megausina com capacidade de geração de 1.000 megawatts (MW) - a ser instalada na região do Baixo Jacuí, próxima à cidade de Charqueadas (RS) - possa sair do papel e esteja licenciada para os leilões de 2018 ou 2019, com expectativa de entrega entre 2022 e 2023. A Tokio Eletric Power Company, responsável pela geração de energia, transmissão e distribuição na região metropolitana da capital japonesa quer ingressar no Brasil e poderá ser uma das sócias no empreendimento gaúcho.
O executivo da Copelmi acrescenta que o projeto deverá ser financiado pelo Banco de Cooperação Internacional do Japão (JBIC), uma espécie de Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Serão mais de US$ 2 bilhões investidos, com a tecnologia Ultra Super Crítica, que eleva o nível de eficiência (representada pela menor queima de carvão por MW produzido, minimizando, assim, a emissão de gás carbônico na atmosfera) para 45%, ante uma média de 25% do parque brasileiro atual. "Nosso parque é extremamente ineficiente e observamos a necessidade de buscarmos projetos e investidores para a modernização, o que é fundamental para garantir a segurança energética nos próximos anos", afirma.
Projetos
Além da parceria com os japoneses, a Copelmi se associou à sul-coreana Posco para a formação de um complexo carboquímico, de geração de gás por meio do carvão. "Essa é uma solução regional para suprir a falta de gás natural no Sul do Brasil", reforça Faria. O aporte ao projeto, que irá produzir 2 milhões de metros cúbicos ao dia de gás natural sintético, soma US$ 1,7 bilhão. Ainda no mesmo polo, outro projeto de metanol por gaseificação demandará US$ 3,3 bilhões.
Segundo o presidente da ABCM, Fernando Zancan, há uma soma de US$ 11 bilhões de empreendimentos previstos para sair do papel com o uso do mineral. "O carvão representa 2% da matriz, muito abaixo da China e dos Estados Unidos. Só que essa pequena fatia é essencial à segurança energética", completa.
Além de projetos envolvendo a Copelmi, Zancan destaca duas usinas da Eneva (uma com aporte de US$ 1,7 bilhão, para gerar 727 MW, e outra de US$ 1,4 bilhão, para 600 MW), uma da Copel (investimento de US$ 600 milhões, para produzir 200 MW) e outra da Usitesc (aporte de US$ 800 milhões para 340 MW).
Leilão
Para o leilão previsto para o final deste ano, a expectativa de Zancan é de que aproximadamente 1 MW de energia esteja à disposição para contratação pelas distribuidoras. A Unitesc, em Treviso (SC), e a UTE Ouro Negro, na região de Candiota (RS) estarão aptas. "Em 2013, os leilões saíram com preços muito baixos, inviabilizando os projetos. Esperamos condições mais competitivas este ano".
O pesquisador do grupo de economia da energia da UFRJ, Ronaldo Bicalho, ressalta que as térmicas, seja a carvão ou a energia nuclear, não poderiam ser acionadas apenas em momentos de esgotamento dos reservatórios, mas servir de base. Segundo ele, a utilização das térmicas em tempo integral geram custos ainda menores, em relação à uma eventual utilização, além de preservar os lagos das usinas em épocas de secas. "Mais do que um reserva, as térmicas precisam ser jogadoras ativas na matriz energética", compara Bicalho.
Comentário CO2 Energia: E a questão ambiental ???