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segunda-feira, 18 de setembro de 2017


Crise pressiona agenda da sustentabilidade


Fonte: www.valor.com.br





Marina Grossi, presidente do Cebds: "Não adianta o recuo da inflação e a queda 
dos juros se não avançarmos no combate ao desmatamento"



No Brasil, empresas antes consideradas exemplares se viram envolvidas em escândalos de corrupção, e, no contexto global, a postura dos EUA de se retirar do Acordo de Paris evidenciou o quanto a agenda da sustentabilidade tem predominado mais no discurso do que na prática. Mas, na avaliação de Marina Grossi, nem tudo são más notícias. A presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (Cebds) -, braço local do influente World Business Council for Sustainable Development, WBCSD, que reúne mais de 200 empresas globais - vê sinais de que a transição para a economia de baixo carbono já está acontecendo.

Prova disso são a crescente preferência dos investidores por empresas de energias limpas, a ascensão dos títulos verdes e as iniciativas que buscam quantificar o grau de dependência das empresas dos serviços prestados pela natureza. Veja os principais trechos da entrevista ao Valor.

Valor: De que forma a atual crise política e econômica afeta as iniciativas de sustentabilidade das empresas brasileiras?

 Marina Grossi: É inegável que as questões de curto prazo estão tomando conta do noticiário, mas a agenda da sustentabilidade não deixou de ser relevante. O desmatamento ilegal, por exemplo, é um tema central para o Brasil, pois está crescendo, além de ser o principal elemento que contribui para as emissões de gases de efeito-estufa. Ao mesmo tempo, as metas assumidas no Acordo de Paris dizem respeito diretamente à agricultura e pecuária, que são setores que já estão buscando oportunidades nessa agenda. Eu faço parte do "Conselhão" [Conselho de Desenvolvimento Econômico e  Social, colegiado composto por membros da sociedade civil que assessora o presidente da República] e tenho reforçado que não adianta o recuo da inflação e a queda dos juros se não avançarmos no combate ao desmatamento. Estamos diante de uma nova economia sendo construída, de baixo carbono, de valorização do capital natural, da qual o Brasil pode se beneficiar, e muito.