Petrobrás vai gerar energia eólica no mar
Fonte: https://economia.estadao.com.br
Estatal espera licenciamento do Ibama para iniciar
instalação de gerador este ano, no Rio Grande do Norte; empresa busca parcerias no exterior
Foto ilustrativa ( internet )
Inédita no Brasil, a geração de energia eólica no mar
começa a dar seus primeiros passos no País pelas mãos da Petrobrás. O negócio
promete ser tão bem sucedido quanto a geração eólica em terra, disse o diretor
de Estratégia, Organização e Sistema de Gestão da estatal, Nelson Silva.
A licitação para a instalação de uma planta-piloto da
empresa no Rio Grande do Norte será feita ainda este ano, revelou o executivo,
que aguarda o licenciamento do projeto no Ibama para iniciar o processo.
A ideia é instalar torres de geração eólica, ou
aerogeradores no jargão do setor, ao lado de plataformas em campos rasos do
Nordeste, região brasileira com maior potencial para gerar energia a partir do
vento. “A vantagem no offshore (no mar) é que se espera um fator de capacidade
maior do que em terra”, explicou Silva. A previsão é que a planta-piloto comece
a funcionar em 2022.
O Brasil começou a gerar energia eólica em 2005 – pouco
menos do que 30 megawatts (MW). Em 2009, quando ocorreu o primeiro leilão do
governo incluindo a oferta de empreendimentos eólicos, o Brasil gerava 600 MW.
Hoje, essa geração ultrapassa os 13 mil MW e, somente com os leilões já
realizados, deve atingir 17,8 mil MW em 2023. Atualmente, a geração eólica
abastece 10% da população brasileira, ou 22 milhões de pessoas, segundo dados
da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica).
“A média da capacidade dos aerogeradores do Brasil em terra
gira em torno de 2 megawatts, mas no mar já tem máquina operando com 8
megawatts”, informa o presidente do Centro de Estratégias em Recursos Naturais
e Energia (Cerne), Jean-Paul Prates, um dos primeiros defensores da inclusão da
energia eólica como fonte de geração de energia no Brasil. Esta semana, ele
promove no Rio Grande do Norte o 10.º Fórum Nacional Eólico, onde o tema será
discutido, precedendo a maior feira do setor, a Brazil Windpower, que terá pela
primeira vez um painel dedicado apenas à geração eólica offshore, com
participação da Petrobrás.
Segundo o Ibama, a Petrobrás entrou com o pedido de licença
ambiental para a planta-piloto de geração eólica offshore em maio e o órgão já
emitiu o Termo de Referência para que a empresa elabore o Relatório Ambiental
Simplificado (RAS) para obter autorização. Pelo fato de já ter um equipamento
no campo (plataforma), o Ibama já possui estudo ambiental do local, informou o
órgão.
Se o projeto se mostrar economicamente viável, a
expectativa do diretor da Petrobrás é de que seja a primeira de uma série de
unidades que irão comercializar energia elétrica no mercado brasileiro a partir
da geração eólica no mar. Para acelerar os investimentos, a estatal busca a
parceria de empresas com experiência no segmento, como a francesa Total e a
norueguesa Equinor (ex-Statoil).
“Vamos utilizar a experiência dessas empresas e os próprios
dados que temos das medições das plataformas no Nordeste e da geologia do
local, da medição de ventos e das marés”, explicou Silva. Segundo ele, a
Petrobrás já está mais forte financeiramente e pode começar a olhar projetos de
mais longo prazo e a investir em energia renovável.