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terça-feira, 16 de maio de 2017

Plataforma online mostra quanto custa gerar energia elétrica no Brasil

Fonte:http://sustentabilidade.estadao.com.br/blogs/ambiente-se/plataforma-online-mostra-quanto-custa-gerar-energia-eletrica-no-brasil/













Segundo estimativas oficiais do governo, até 2025 o Brasil precisará de uma produção extra de energia de 200 terawatts-hora (TWh), ou quase um terço a mais em relação à demanda atual. Dependendo de quais tipos de energia serão escolhidos, os custos podem ser maiores ou menores, assim como as emissões de gases de efeito-estufa.

Para ajudar a população a entender o que essas escolhas podem significar para o bolso na hora de pagar a conta de luz e também para a contribuição do País ao aquecimento global, o Instituto Escolhas lança nesta sexta-feira (12) uma plataforma online que permite simular os mais diferentes cenários de composição da matriz elétrica brasileira para atender a essa demanda.

O leitor pode fazer sua própria composição dentro de sete possibilidades de energia: hidrelétrica, solar, eólica, térmica a biomassa, térmica a gás natural, térmica a carvão e nuclear. E a ferramenta informa quanto seria o investimento necessário, quanto essa composição emitiria de gás carbônico e qual seria o valor na sua conta de energia por megawatt-hora. Para este último valor, o usuário deve selecionar também a distribuidora de energia da região onde mora.

“A ideia é que as pessoas possam fazer o mix de matriz elétrica que acharem mais interessante e terem noção de qual impacto isso pode ter no orçamento do país e no próprio bolso. A pessoa pode querer só fontes renováveis ou não ligar para nada disso e querer carvão, mas com a plataforma vai saber em números o que isso significa”, explicou ao Estado Sérgio Leitão, diretor de Relacionamento com a Sociedade do Instituto Escolhas e coordenador da plataforma #Quantoé? Gerar Energia.
O Estado fez uma simulação que não resultasse em mais hidrelétricas nem em fontes sujas, com investimento de 40% em eólica, 25% solar e 35% em térmica a biomassa. O investimento seria de R$ 1,249 trilhão e a conta ao consumidor seria de 249,75 R$/MWh. Em São Paulo hoje esse custo é de R$ 224,02 R$/MWh.
Há cenários mais baratos. Um cenário com 40% de hidrelétricas, 20% de solar, 20% de eólica e 20% de térmica a biomassa demandaria um investimento de R$ 994 bilhões e o consumidor pagaria 165,60 R$/MWh.

Ambiente. O leitor também pode entender o que significam ao ambiente as diferentes fontes clicando no símbolo de exclamação (!) que aparece ao lado de cada uma. Em eólica, por exemplo, há o incômodo do barulho e o risco para bandos de aves. Por outro lado, a fonte, junto como a solar, é a que menos tem impactos ao ambiente e à população. Já as hidrelétricas, apesar de também serem consideradas uma fonte limpa, geram impactos por inundarem grandes áreas.

“Projetos de energia estão ligados aos casos de corrupção no País. Grandes hidrelétricas na Amazônia são cercadas de polêmicas por desalojarem povos indígenas. As fontes renováveis não-hídricas são cheias de predicados interessantes, mas qual é o impacto de tudo isso para o bolso do cidadão? É o que buscamos responder”, disse Leitão.

Hoje a maior fatia da matriz elétrica brasileira é de origem hidrelétrica, uma fonte renovável e limpa. Dos 581,5 terawatts-hora gerados em 2015, segundo dados do Balanço Energético Nacional, 62% vinham das hidrelétricas. Esse valor, porém, já foi maior, mais próximo dos 70%, e cai em situações de seca no País, como foi o ano de 2015.

Na ocasião, muita gente deve se lembrar que a conta de luz vinha mais alta, porque o País teve de acionar as termelétricas. Com a plataforma, é possível ver claramente o impacto que isso traz não são ao bolso, mas ao efeito estufa. Energia a carvão é a fonte mais suja que existe.

A ideia, diz Leitão, é mostrar os benefícios de uma matriz limpa e renovável. “A expectativa é que, ao saber o impacto de suas escolhas no preço da conta de luz, o consumidor entenda seu poder de controle sobre algo que parece tão distante e envolve tantos gastos bilionários”, afirmou.