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quinta-feira, 4 de maio de 2017



Brasil e França ser unem em rede de pesquisa focada em energia e meio ambiente



Trata-se do Laboratoire International Associé Franco Brésilien – Energie & Environnement (L.I.A.), oficialmente instalado em 03/05/17, em cerimônia na Poli-USP.










Foi oficializada, em (3/5) a instalação do Laboratoire International Associé Franco Brésilien – Energie & Environnement (L.I.A.). A cerimônia ocorreu no Auditório Professor Francisco Romeu Landi, do prédio da Administração da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP). O evento contou com a participação do vice-reitor da USP, Vahan Agopyan; do diretor da Poli, José Roberto Castilho Piqueira; do conselheiro de Cooperação e Ação Cultural Adjunto da Embaixada da França no Brasil, Philippe Martineau; do secretário adjunto de Energia e Mineração do Estado de São Paulo, Ricardo de Toledo e Silva, do presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), José Goldemberg; entre outras autoridades e pesquisadores.
O L.I.A. é, em sua essência, uma rede virtual de pesquisa focada em energia e meio ambiente. Foi criada pelo governo francês para estruturar colaborações entre equipes de pesquisa e laboratórios da França com parceiros de outros países com quem já realizam algum tipo de trabalho conjunto. A Poli já integra essa rede de pesquisa, ao lado das instituições francesas Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS), Centrale Supélec, Université Paris-Sud, Université de Lille, Centrale Lille, Ecole Nationale Supérieure de Chimie de Lille e Université d’Artois), e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
O diretor científico do Laboratório no Brasil, pelo lado da França, é Nasser Darabiha, da Centrale Supélec. Já o diretor científico brasileiro é o professor José Pissolato, da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC) da Unicamp. O grupo de pesquisadores da Poli-USP dentro do L.I.A. é coordenado pelo professor Song Won Park, do Departamento de Engenharia Química (PQI).
A rede vai atuar por quatro anos, prorrogáveis por mais quatro, em pesquisas de fontes de energia renováveis, observando todas as suas facetas: a produção, o consumo, os impactos ambientais, a integração e interação com outras formas de energia, e as redes de distribuição.
Pesquisadores que tenham projetos nessas áreas podem entrar em contato com o professor José Pissolato ( pissolato@gmail.com) para discutir as possibilidades de cooperação e inserção no L.I.A. As principais linhas de pesquisa são: transformação da energia (focando em pesquisas sobre combustão, formação de poluentes, eficiência energética, por exemplo); redes de distribuição (integração, estocagem geração distribuída, proteção e qualidade dos serviços e outros); e meio ambiente (redução das emissões, fontes renováveis, otimização da rede de energia, gerenciamento de recursos hídricos e lixo). Veja aqui mais detalhes sobre as linhas de pesquisa.
Importância da rede – A cerimônia de instalação do L.I.A. foi aberta pelo coordenador geral do Laboratório, Nasser Darabiha, que deu as boas-vindas aos participantes e ao final do evento fez uma apresentação geral sobre o Laboratório, mencionando as instituições francesas e brasileiras que integram a rede, novos possíveis associados, sua organização institucional e as áreas de pesquisa de interesse.
A seguir, o professor Olivier Fudym, diretor do CNRS no Brasil, fez uma apresentação mais detalhada sobre o Centro, que emprega mais de 33 mil pessoas, 11.500 delas pesquisadores. “Os cientistas do CNRS publicam mais de 43 mil papers por ano e quase 60% deles são copublicações internacionais”, contou ele, ao enfatizar a importância das parcerias com outros países. Segundo ele, no âmbito do CNRS, o L.I.A. é uma das ferramentas utilizadas para apoiar pesquisas colaborativas, tornando-as perenes no tempo.
Philippe Martineau, da Embaixada da França no Brasil, citou exemplos de como a parceria franco-brasileira vem se fortalecendo ao longo do tempo, como o envio de mais de 1.200 pesquisadores franceses para trabalharem no Brasil e os mais de 1.600 artigos cujas autorias são de cientistas de ambos os países. “O L.I.A. é um dos resultados dessa cooperação rica e variada”, ressaltou. “Também representa uma abertura para novas cooperações [entre Brasil e instituições europeias], reunindo pesquisadores de primeira linha nas áreas de energia e meio ambiente”, prosseguiu.
“A rede abre um importante espaço para que pesquisadores brasileiros trabalhem em cooperação internacional. Isso aumentará as chances de participarmos, inclusive, de projetos financiados por instituições europeias e ainda nos dá mais visibilidade internacional, aumentando o impacto das nossas pesquisas, já que as pesquisas são publicadas em regime de coautoria”, ressaltou Pissolato.
Oswaldo Massambani, superintendente chefe da regional da Finep em São Paulo, lembrou que compatibilizar a produção de energia e o impacto ambiental é um tema da maior relevância para todos os países. “O Brasil assinou um compromisso internacional para redução de emissão de gases de efeito estufa, de forma que a criação do L.I.A. é muito bem-vinda”, destacou. “Esse centro é uma oportunidade nova que vai trazer muitos benefícios em termos de cooperação e fluxos de conhecimento entre França e Brasil. É certamente uma oportunidade a que outras universidades, além da USP e Unicamp, poderão aderir. A Finep está aberta para interagir com o setor empresarial, sobretudo as empresas francesas que estão no Brasil, que podem se integrar a essa iniciativa”, concluiu.
José Goldemberg, presidente Fapesp, contou que a agência de fomento paulista apoiou, entre janeiro de 1992 e abril de 2017 um total de 1.132 projetos de pesquisa em meio ambiente e 1.545 projetos em energia. Em relação aos projetos de cooperação internacional, a França ocupa posição de destaque nos financiamentos da Fundação: foram apoiados 132 projetos feitos em cooperação com franceses, atrás apenas do Reino Unido (308) e da Alemanha (136). “O estabelecimento dessa rede é da maior importância porque pode estimular novas cooperações internacionais, algo que aumenta significativamente o impacto das nossas pesquisas e leva a nossa ciência mais perto da vanguarda do conhecimento”, ressaltou.
Teresa Dib Zambon Atvars, coordenadora geral da Unicamp, afirmou que a instalação do L.I.A. abre uma importante área de colaboração conjunta em temas essenciais para a sociedade contemporânea. “Hoje não há desafios científicos e tecnológicos mais importantes do que [os existentes] nessas duas áreas, visando um assunto fundamental, que é o bem-estar dos nossos povos”, afirmou. “É um desafio imenso, que abre outras portas de colaboração com outros grupos de pesquisa em áreas como bioenergia, biocombustível e em uma área em que a Unicamp tem na pós-graduação, ambiente e sociedade”, completou.
Ricardo de Toledo e Silva, da Secretária de Energia e Mineração do Estado de São Paulo, explicou que parte das metas estabelecidas no Plano Paulista de Energia 2020, vinculada a política de energia, não foi atingida em razão da crise econômica brasileira. “O senso comum diz que a redução da atividade econômica é associada à diminuição das emissões de gases de efeito estufa, o que não é verdade. Pelo contrário: o crescimento das energias renováveis está diretamente associado ao crescimento econômico”, pontuou, explicando que isso se dá porque é preciso investimento para se mover das energias de fonte fóssil para renováveis. Segundo ele, o Plano Paulista de Energia está sendo revisto pelo governo neste momento, mas que ênfase ás energias de fonte renovável continua.
O professor José Roberto Castilho Piqueira, diretor da Poli, apontou que o Brasil tem escolas de Engenharia de alto nível, mas não é forte em todas as áreas. “A união das nossas Escolas é fundamental para promover o progresso da Engenharia do País e para transformar a Engenharia em algo que seja útil para a população e não mero balcão de negócios, como temos visto até hoje”, observou. Ele recordou que aprendeu com o professor Goldemberg que Homero já registrava, na Grécia, o problema da remoção de florestas para geração de energia. “O problema não é novo, mas é cada vez mais crítico. Precisamos colocar nosso conhecimento na solução dos problemas do Brasil e do mundo”, exortou.
Piqueira também destacou a parceria entre a Poli e as instituições francesas, lembrando dos bons resultados obtidos com o programa de duplo diploma e as discussões para criação do curso de Engenharia da Complexidade na Poli-Santos. “A França é um importante parceiro na melhoria do ensino, da pesquisa e da extensão dentro da nossa Escola”, disse.
A cerimônia foi encerrada pelo vice-reitor e professor da Poli-USP, Vahan Agopyan. Ele agradeceu a confiança dos colegas franceses. “A parceria estabelecida com o L.I.A. demonstra um reconhecimento de que temos trabalhos de pesquisa de ponta desenvolvidos e a existência de um respeito mútuo a qualidade desse trabalho”, comentou.
Ele lembrou que a colaboração com a França está na gênese da constituição da USP e citou os mais de 20 anos de cooperação entre a Poli e as escolas de Engenharia francesas. “Internacionalização, para nós, é ferramenta imprescindível para alcançarmos patamares mais elevados de qualidade. Por isso, este Laboratório está sendo uma consequência dessa internacionalização”, finalizou.