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sexta-feira, 25 de março de 2016

fonte: http://www.canalenergia.com.br/


Enio Fonseca, do FMASE: Aumento no uso das fontes renováveis de energia reduzem emissões de CO2

De acordo com a AIE, o setor energético emitiu cerca de 32 bilhões de toneladas de CO2 em 2015, o mesmo valor de 2014, mesmo com um crescimento da economia global da ordem de 3%

Enio Fonseca, do FMASE, Artigos e Entrevistas
23/03/2016
De acordo com a Agência Internacional de Energia (AIE) os  investimentos mundiais em energias renováveis em 2015 chegaram ao recorde de US$ 328,9 bilhões.
Mais de 90% da nova eletricidade gerada em 2015 veio de fontes renováveis, maior percentual desde 1974, sendo que metade do crescimento veio de usinas eólicas, de acordo com a organização de monitoração com sede em Paris.
Dados da Agência mostram que as emissões de dióxido de carbono (CO2) para geração de energia ficaram estabilizados pelo segundo ano seguido em 2015, ainda que se observe que houve um pequeno crescimento na economia global.
Isso significa que a nível mundial as iniciativas para reduzir as emissões dos gases efeito estufa com a finalidade de combater as mudanças climáticas começam a apresentar resultados positivos, principalmente nos EUA e na China, maiores economias mundiais.
De acordo com a Agência, foi a primeira vez em 40 anos que isso ocorreu na ausência de uma recessão mundial, o que significa um alento de melhoria nas condições ambientais do planeta.
No passado, a redução das emissões estava associada apenas a períodos de estagnação econômica.
No entanto, as emissões globais precisam ainda ser significativamente reduzidas conforme definido na COP 21, no Acordo de Mudanças Climáticas Internacionais assinado por 200 países, em dezembro em Paris.
O Acordo tem o objetivo de impedir que a temperatura da terra suba mais de 2°C em relação ao período pré-industrial. No entanto os dados disponíveis mostram que já houve um aquecimento de cerca de 1°C, sendo registrado que o ano passado foi o ano mais quente da série histórica recente, o que mostra que a união dos países na busca de um entendimento, e da implementação de ações concretas de abrangência global é uma medida certa.
No mundo, o carvão continua a ser a fonte de energia predominante, respondendo por 39% da geração em 2015, contra cerca de 24% atribuídos a fontes renováveis, onde temos hidroeletricidade, eólicas, fotovoltaicas.
De acordo com a AIE, o setor energético emitiu cerca de 32 bilhões de toneladas de CO2 em 2015, o mesmo valor de 2014, mesmo com um crescimento da economia global da ordem de 3%.
No entanto, caso persista uma tendência de redução na atividade econômica mundial, teremos uma redução mais forte da emissão de gases efeito estufa no ano de 2016.
O Brasil, por sua vez, possui uma matriz energética predominantemente renovável, com participação expressivas da energia hidráulica, e com taxas crescentes de oferta de energia eólica, solar e biomassa, o que nos coloca numa posição de liderança mundial sob esse aspecto. Hoje existe um consenso entre especialistas que nossa matriz não pode prescindir de nenhuma fonte geradora, inclusive térmicas a óleo, gás e carvão mineral, além de nucleares, pois todas elas são necessárias para garantir um modelo adequado de desenvolvimento para o País.
Embora fosse uma premissa da COP 21 de que a redução absoluta das emissões seria exigida apenas das economias desenvolvidas, o Brasil definiu uma iniciativa voluntária nesse sentido, com impacto em todos os setores da economia como pecuária, agricultura e indústria, tendo como compromisso reduzir em 37%, até 2025, e em 43%, até 2030, as emissões de gases do efeito estufa. Para alcançar esse objetivo o País pretende também zerar o desmatamento na Amazônia Legal e restaurar 12 milhões de hectares de florestas até 2030.
Importante registrar que o atingimento dessas metas está diretamente vinculado ao desempenho das atividades econômicas, à existência de recursos destinados ao desenvolvimento e atualização do parque produtivo e tecnológico, ao investimento em tecnologias de baixo carbono e captura de CO2, à segurança jurídica que norteiam as relações comerciais, regulatórias e ambientais associadas.
Reduzir emissões pela diminuição da atividade econômica  não é bom, e para obter esse mesmo resultado por melhoria tecnológica dos processos produtivos é preciso existir linhas de crédito adequadas.
Enio Fonseca é presidente do Fórum de Meio Ambiente do Setor Elétrico