fonte: http://www.procelinfo.com.br/
|
Fonte: Fluxo Consultoria - 21.03.2016
|
Rio de Janeiro - Somos muito dependentes e espera-se que, pelo menos no curto prazo, o custo de produção no Brasil cresça. Mesmo assim, não há condições de voltar aos velhos tempos e deixar de usufruir do conforto de eletrodomésticos e outros meios, não é mesmo? Será que não existe nenhuma maneira de aproveitar o modelo atual de produção e fornecimento sem que seu bolso seja impactado? O conceito que vou apresentar no próximo tópico é muito debatido no Inee e nos traz um dos caminhos para solucionar esse problema. Seja eficiente, faça mais com menos
A Eficiência energética consiste na forma com que desempenhamos um serviço ou atividade utilizando a menor quantidade de energia possível, ou seja, consiste na relação entre a quantidade de energia empregada e aquela disponibilizada para sua realização.
Podemos observar essa economia em algumas atitudes, como, por exemplo, comprar uma lâmpada de LED, que chega a ter 90% de redução no consumo quando comparada a uma lâmpada incandescente de nível de iluminação equivalente.
O interessante é que este conceito não está preso exclusivamente à eletricidade. Qualquer processo ou atividade dependente de uma forma de energia gerada pelo ser humano pode se tornar mais eficiente, embora, segundo a Aneel as perdas sejam consideráveis.
Se o corte e campanhas de conscientização são ações pontuais usadas em momentos de crise, como o apagão de 2001, qual o caminho para tornar o Brasil um país eficiente… apagar todas as luzes e viver no escuro?
Desperdício: Mudanças de comportamento são suficientes?
Uma pesquisa recente sobre eficiência energética mostrou o Brasil como o 15º entre 16 países analisados, enquanto o primeiro lugar coube à Alemanha, país reconhecido pela política educacional de qualidade, o bom uso de recursos e a reciclagem. Dessa forma, parece fazer sentido atribuir nosso péssimo resultado aos consumidores residenciais e ao desperdício. Mas será só isso?
“Economize energia”: a diferença entre Eficiência energética e Conservação
Muita coisa no Brasil pode ser corrigida com educação, mas dessa vez convido você a pensar melhor e questionar essa panaceia. Se eficiência é fazer mais com menos, ao apagar a luz, fechar a geladeira, ou tomar banho frio, na verdade, você está poupando energia. Embora o resultado final pareça o mesmo (redução da conta), a confusão entre os conceitos deve ser desfeita para entendermos o resultado da pesquisa. Afinal, uma lâmpada apagada não é mais eficiente que uma acesa. Entenda melhor a diferença nesse artigo em inglês da Universidade de Berkeley .
Será que não produzimos energia suficiente?
Uma conclusão lógica seria que ainda não investimos o suficiente em geração, mas a análise da demanda fornece informações interessantes.
Anualmente, estima-se que 10% da energia gerada no Brasil seja desperdiçada. Na maior parte dos casos, a culpa não é nossa e sim dos aparelhos que utilizamos, que acabam “desperdiçando” energia na forma de calor (Efeito Joule) e não realizam a sua função original.
Embora nos isentemos do desperdício do aparelho, ainda sim temos uma parcela de culpa. Será que na hora de comprar o seu eletrodoméstico você se importou em pagar um pouco mais naquela geladeira que contém um selo Procel, garantindo que o produto consume menos energia, ou então na hora de comprar seu carro verificou se ele tinha o selo Conpet, para que estivesse economizando no futuro?
Qual é, afinal, o impacto da eficiência energética?
Segundo um relatório da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o uso de equipamentos mais eficientes e instalações elétricas dimensionadas geraria uma economia de 8,8% no consumo de energia elétrica.
Hoje uma empresa pode receber um selo verde - selo que atesta que sua empresa se preocupa com o meio ambiente- e isso a torna bem vista no mercado. Além disso, bancos como Itaú e BNDES oferecem linhas de credito especiais para empresas certificadas. Assim, além da economia real, elas ganham um diferencial competitivo e uma ferramenta de marketing para obter um melhor relacionamento com a comunidade na qual está inserida.
Compro esses aparelhos com selos e continuo gastando muito com energia
Olhando por outro lado, vemos que a produção energética também tem aumentado seu preço e estamos pagando cada vez mais. Então, como usar técnicas que realmente alteram a eficiência e geram ganhos no médio prazo?
Considere essas soluções e comece a economizar
Já existem diversas maneiras de diminuir os gastos com energia em casa ou na sua empresa a partir de instalações sustentáveis. Por exemplo, além de utilizar dispositivos de iluminação mais eficientes, como lâmpadas de LED, diversas empresas fazem estudos de viabilidade para avaliar a troca do chuveiro elétrico ou a gás por aquecimento por painéis solares ou captar águas pluviais para reutilização.
Além disso, equilibrar as cargas no planejamento da construção, cogeração e geração distribuída, transformar processos de aquecimento de ar em insumo para aquecimento de água são medidas de longo prazo que reduzem muito os custos e podem ser feitos por indústrias e consumidores de média tensão.
Eficiência energética Industrial : cenários no Brasil e no Mundo
Agora que você sabe que eficiência vai muito além de apagar as luzes durante o dia (economia), podemos voltar a pesquisa para as causas dos bons resultados germânicos.
Os alemães não gastam menos energia que brasileiros, boa parte do bom resultado do país (e da Europa como um todo) vêm de políticas públicas que estimulam que indústrias produzam energia e, além disso, gastem o mínimo possível. De acordo com a EPE (Empresa de Pesquisa Energética), a maior parte do consumo de energia nacional é feito por indústrias.
Corrigir o consumo, não a produção
Segundo o relatório, “a política energética no Brasil enfatiza basicamente a produção de energia renovável, deixando uma grande quantidade de eficiência energética intocada”.
Além disso, o ACEEE lembrou em 2014 que não existem padrões obrigatórios para instalações elétricas em prédios e residências. Embora dotado de corpo técnico capacitado nas universidades, as exigências sobre eficiência energética só se aplicam a poucos equipamentos eletroeletrônicos.
Próximos passos para o Brasil sair do 7X1
No início de fevereiro, o governo criou um comitê especial para estudar as melhores formas de aplicar a eficiência energética diretamente onde somos mais vulneráveis. O objetivo é desenvolver tecnologias que reduzam o consumo industrial e comercial a partir de parcerias com centros de pesquisa de ponta de universidades do país. Da UFRJ, universidade da qual a Fluxo faz parte, participarão o Lafae e o Cepel (Centro de Pesquisas da Eletrobras).
Ainda que atrasada, a adoção de uma postura pró-eficiência corrigirá uma das principais deficiências abordadas no relatório (desenvolvimento de tecnologias e padronização da regulação). Como sugestão adicional, o Brasil se beneficiaria de acordos voluntários entre os setores público e privado para melhorar a eficiência energética na indústria, que incluiriam a criação de cargos específicos para cuidar dessa questão ou o estabelecimento de auditorias periódicas.
|