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segunda-feira, 21 de março de 2016


fonte: http://www.procelinfo.com.br/


Assunto: Panorama Nacional
18.03.16

“O Acordo de Paris salvou a chance de salvar o Planeta”
Rio de Janeiro – Seminário discutiu os resultados alcançados pela COP 21. Participação brasileira durante as negociações foi destacada
Divulgação
Tiago Reis, para o Procel Info

Rio de Janeiro – Celebrado como histórico, o Acordo de Paris, resultado final da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 21), quebrou uma série de paradigmas e mostrou um caminho a ser seguido para evitar que o aumento da temperatura provoque grandes mudanças climáticas no planeta. Essa foi a conclusão do seminário “O Acordo de Paris”, realizado no último dia quatro de março, no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro. Mediado pela jornalista, Sônia Bridi, o evento contou com a participação de representantes de diversos segmentos da sociedade e do governo, que em dois painéis, avaliaram o resultado da conferência e discutiram propostas que podem ser adotadas nos próximos anos para a ampliação de uma economia de baixo carbono.

A participação brasileira durante as negociações da COP 21 foi destacada como fundamental para que o acordo fosse firmado. Para o embaixador, José Antônio Marcondes de Carvalho, Subsecretário-Geral de Meio Ambiente, Energia, Ciência e Tecnologia do Ministério das Relações Exteriores, e que foi integrante da delegação brasileira que esteve em Paris, a diplomacia brasileira defendeu durante toda a conferência um acordo amplo e equilibrado em que todos os 195 países tivessem o mesmo peso durante as discussões.

“Agora cada país tem um voto igual ao do outro. O que os Estados Unidos decidem terá que ser igual ao que uma pequena ilha no Caribe decide. Cada país terá um papel importante nessa nova agenda do clima, sem a transferência de ônus para os países em desenvolvimento e pequenas nações”, afirmou Marcondes durante o painel "O fim do impasse: a COP21 e um novo momento para o combate à mudança climática". Esse ponto foi destacado pela jornalista Sônia Bridi que afirmou que “quem quebrou o paradigma da participação dos países emergentes nas discussões foi o Brasil”
A COP 21 deixou de buscar problemas para discutir soluções

Presente no mesmo debate, a Ministra do Meio Ambiente, Isabella Teixeira, destacou em sua primeira intervenção que “discutir o clima é trazer o futuro para o presente”. Para ela, o sucesso da participação brasileira na conferência foi possível devido a credibilidade que o país conquistou na área ambiental. Durante a COP 21, o Brasil estabeleceu uma meta considerada ousada de reduzir 37% das emissões de gases de efeito estufa até 2025 e 43%, até 2030. Segundo Teixeira, a agricultura e o setor de energia terão um papel fundamental na redução das emissões. Ela destacou também que pela primeira vez o empresariado, de maneira geral, se mostrou engajado em reduzir as emissões. “Paris deixou de buscar problemas para discutir soluções”, disse a ministra. 

Embaixador da França no Brasil, Laurent Bili, agradeceu a atuação dos dois países na busca pelo consenso e ressaltou que Paris reconheceu o protagonismo brasileiro nas questões ambientais. 

“A COP 21 inseriu novos atores na definição da agenda do clima. Agora não temos apenas governos, mas também empresas e organizações em busca de uma solução para reduzir o aquecimento global. Podemos dizer que o Acordo de Paris foi a única boa notícia no âmbito internacional no ano de 2015”, destacou Laurent Bili, embaixador da França no Brasil. 

Um dos organizadores do evento, o secretário-executivo do Observatório do Clima, Carlos Rittl, comemorou o resultado da COP 21. Ele pondera, que mesmo tendo sido decidido que todos os países vão trabalhar para limitar o aquecimento global em no máximo 1,5ºC, essa elevação ainda tem um potencial para causar grandes mudanças climáticas e provocar prejuízos incalculáveis. Entretanto, ele pondera que com o acordo, o mundo agora tem um novo caminho a seguir. “O Acordo de Paris salvou a chance de salvar o Planeta”.

Agricultura e energia

O setor de energia juntamente com a agropecuária são os maiores responsáveis pelas emissões de CO2 no Brasil. Juntos, esses dois setores, são responsáveis por mais de 60% dos gases de efeito estufa no Brasil. Por isso, a estratégia governamental para reduzir as emissões passa por esses dois segmentos. As “Implicações do Acordo de Paris para o Brasil" foi o tema do segundo painel do seminário O Acordo de Paris.

No setor agrícola, o avanço tecnológico e a redução do desmatamento serão duas áreas que terão atenção especial. Para a ministra Isabella Teixeira, a modernização dos processos de produção e a entrada da economia florestal (reflorestamento) no Produto Interno Bruto (PIB) vai servir como grande incentivo para o desenvolvimento da economia de baixo carbono no Brasil. “Logística diferenciada para a produção de alimentos gera uma infraestrutura de baixo carbono”, disse a ministra. Presidente da Sociedade Rural Brasileira, Gustavo Junqueira, acompanha o pensamento da ministra. Junqueira revelou que o agronegócio brasileiro reduziu consideravelmente nos últimos anos a quantidade de emissões de CO2. Entretanto, a pecuária ainda está devendo. Atualmente o setor agrícola é responsável por 37% de todas as emissões do país.

Mas a grande contribuição para o Brasil alcançar a meta definida na COP 21 virá do setor de energia. A redução da utilização dos combustíveis fósseis e o aumento das fontes renováveis serão o foco do governo brasileiro. “Está na nossa INDC (Contribuições Nacionalmente Determinadas Pretendidas). Além de focar no desmatamento e agricultura, a energia terá uma papel fundamental nessa meta. Nossa matriz energética ficará mais balanceada, com o fóssil, não fóssil, com mais renovável, nuclear e smart grid”, revelou a ministra.

A INDC brasileira prevê aumentar para 24%, até 2030, a participação das fontes das novas renováveis (energia eólica, solar e biomassa) na matriz energética brasileira. Atualmente, essa participação é de 9%, sendo a grande maioria composta pela geração eólica. Para o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, apesar de ousada, essa meta é factível, mesmo no curto prazo. “Temos condições de criar, como no caso da eólica, um parque nacional de produção de painéis solares, que certamente vai reduzir os custos e afastar as incertezas provocadas pela variação cambial. Com isso, teremos um grande estímulo a energia solar nos próximos anos”, disse Tolmasquim, que no mesmo evento confirmou a realização de novos leilões de geração eólica e solar para o segundo semestre de 2016. 
Meta brasileira prevê aumentar para 24% a participação das fontes renováveis na matriz energética

A ministra do Meio Ambiente também revelou que durante as reuniões em Paris foram celebradas parcerias com a China, Alemanha e Estados Unidos para investimentos e cooperação tecnológica nas área de energia fotovoltaica e demais fontes renováveis.

Carlos Rittl considera que o setor de renovável, além de reduzir as emissões tem grande potencial de gerar oportunidades de empregos e renda para as populações beneficiadas.

“Brasil tem grandes oportunidades de mitigar CO2. Setor de eólica com 172 parques e a energia solar, com 70 mil empregos estão mostrando isso”, disse Rittl.

O aumento da eficiência energética e elétrica também constam na meta brasileira. O presidente da EPE afirmou que até 2030 o país pretende aumentar em 10% a eficiência do setor elétrico, principalmente com a repotenciação das usinas hidrelétricas. Tolmasquim também revela que as ações de eficiência energética nesse período também vão ajudar o Brasil a reduzir suas emissões, contribuindo para o país ter uma das matrizes mais limpas do mundo. Para ele, a redução do consumo proveniente de ações de combate ao desperdício, vão reduzir a necessidade de aumentar a geração de energia nos próximos anos.

“O Brasil possui uma grande iniciativa na área da eficiência energética, que é o Procel, que vai nos ajudar muito a alcançar a meta de redução das emissões. Essa atuação é muito importante, principalmente com a certificação de equipamentos com alta eficiência, e os programas educacionais, que conscientizam as crianças, que serão os futuros usuários da energia a consumirem que forma mais racional”, ressaltou Tolmasquim.