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terça-feira, 7 de março de 2017

Renováveis transformam zona rural da Alemanha

Fonte:http://www.kromaenergia.com.br/renovaveis-transformam-zona-rural-da-alemanha/






Moradora de Vlotho, cidade no norte da Alemanha com pouco mais de 20 mil habitantes, a empresária Martina Klöckner Scherfeld, 57 anos, trocou de fornecedor de energia no ano passado. Saiu o Estado e entrou seu vizinho, pequeno agricultor que produz energia de biomassa do milho e a comercializa na região.
A conta ficou mais barata e os moradores do bairro já falam em construir uma piscina aquecida coletiva. Assim, eles poderiam aproveitar o tempo livre com vista para as montanhas mesmo quando as temperaturas chegassem mais perto de zero, como agora.

Na prática, Martina deixou de usar a rede pública de energia de sua cidade e passou a se beneficiar de um sistema de microgeração distribuída. A descentralização da produção é também um dos pilares da “transição energética” alemã, uma maneira de reduzir custos de transmissão, minimizar perdas e diminuir o impacto ambiental do consumo de energia.
 
Mais que isso, ela está mudando a configuração de muitas pequenas cidades na zona rural alemã, diz Dagmar Dehmer, repórter de sustentabilidade do jornal “Der Tagesspiegel” há mais de 15 anos. Além da biomassa, multiplicam-se pelo país fazendas de geração comunitária de energia eólica, que não só dão mais segurança ao abastecimento dessas regiões, como geram empregos e aumentam a arrecadação de impostos. “Com esses recursos, algumas cidades têm conseguido construir novas escolas, espaços públicos”.

A energia eólica é hoje a principal fonte renovável utilizada no país, responsável por 12% do total produzido, quase metade da participação das fontes limpas, 30%. A solar ocupa a segunda posição, com 6% do total e um pesado mecanismo de incentivo chamado de “feed-in tariff”.

A Lei das Fontes de Energias Renováveis (EEG), do início dos anos 2000, garantiu por até 20 anos aos produtores um valor fixo pela energia que entra no sistema. A diferença entre esse preço e o efetivamente praticado pelo mercado é bancada pelos consumidores através da EEG Umlage, cobrada as contas de luz. No início, a sobretaxa era pequena. Entre 2010 e 2015, contudo, diante da multiplicação de painéis fotovoltaicos pelo país, o preço de mercado despencou de 34 centavos por kilowatt-hora para 9 centavos e a participação da sobretaxa no preço médio da energia saltou de 8,8% para 21,8%.
 
A lei, que chegou a ser criticada por causa do aumento expressivo dos subsídios nos últimos anos, vem sendo modificada, inclusive com ajuste das tarifas fixas. Agora que a capacidade instalada atingiu uma massa crítica, o plano do governo é começar a realizar leilões de energia solar de forma constante a partir deste ano, para que esse segmento passe a funcionar pelas leis de mercado, sem incentivos.

O Estado também tem participação importante como financiador da transição energética, especialmente no fomento à inovação. O Ministério de Energia prevê gastar neste ano quase 2,5 bilhões de euros em energia e sustentabilidade, rubrica que inclui incentivos ao desenvolvimento de tecnologias que ajudarão o país a construir a ponte para a economia de baixo carbono. O valor é quase dez vezes o limite de empenho de 2017 do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, a mais importante fonte de financiamento público para a inovação do Brasil, R$ 930 milhões.