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sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Após várias falsas largadas, uma nova era para o automóvel brilha no horizonte
CARROS ELÉTRICOS


Por Stephen Wilmot
Fonte:www.novacana.com/n/combate/carro-eletrico/investidores-revolucao-carros-eletricos-161216/

O carro do futuro será elétrico, conectado e – isso talvez demore um pouquinho mais – com piloto automático. Mas e a indústria automobilística do futuro, como será? Numa série de artigos este mês, o Wall Street Journal ajuda os investidores a compreender o maior choque tecnológico a sacudir o setor automotivo em décadas.
Na aurora da era automotiva, os carros elétricos a bateria chegaram a sobrepujar os carros a gasolina. Transcorrido mais de um século, é possível que isso volte a acontecer no prazo de uma década ou duas. E os investidores que não quiserem ser pegos na contramão da história precisam abrir os olhos.
Exatamente quando os carros elétricos irão deixar o nicho do mercado de luxo ou da tecnologia verde e – após tantas falsas largadas – ingressar no mercado de massas, vai depender sobretudo do seu custo relativo. Neste quesito, tudo indica que a maré é favorável.

O barateamento das baterias é um fator-chave. O crescimento da computação móvel atraiu investimentos maciços para essa área, com duas consequências felizes para os elétricos: eles ganharam maior autonomia no momento mesmo em que seu custo de produção declinava. A Daimler, fabricante da Mercedes, acredita que o custo de produção das tecnologias de motores e de baterias pode alcançar paridade já em 2025. Mas o ponto de virada para os consumidores, que também leva em conta subsídios e custos operacionais, pode chegar antes disso.
Normas ambientais cada vez mais rígidas vêm tornando a produção de motores de combustão interna dentro dos parâmetros cada vez mais cara, particularmente na Europa. Lançando mão de subsídios agressivos, a China – maior mercado automotivo do mundo em número de unidades vendidas – já criou uma demanda segura para os veículos elétricos. O preço baixo da gasolina – especialmente nos Estados Unidos – deixou de ser a criptonita da eletrificação, muito embora o governo Trump, caso concretize suas pretensões desregulatórias, possa dar alguma sobrevida aos modelos tradicionais.

Ademais, a indústria agora tem um modelo a seguir: o revolucionário modelo Tesla, cria do Vale do Silício, mostrou que existe demanda para carros elétricos bem planejados, obrigando os barões da indústria, de Detroit ao Japão, passando pela Alemanha, a investir pesado para não ficar para trás.
 A General Motors está lançando o seu Chevrolet Bolt, 100% elétrico, que sairá na faixa dos US$ 30 mil, impostos inclusos. É menos que o preço médio de venda de um carro novo nos Estados Unidos, ainda que caro para um compacto. O tão propalado Modelo 3 da Tesla, que deve chegar ao mercado no segundo semestre de 2017, deve custar um pouco menos que isso.



As montadoras que sobreviverem aos solavancos desse período de mudança talvez terminem mais parecidas com empresas de tecnologia – e tão valorizadas quanto

Isso não impedirá que elas tentem. As três gigantes da indústria automotiva alemã – Volks, Daimler e BMW – divulgaram novas estratégias voltadas para o mercado de elétricos este ano. Até mesmo a Toyota, maior fabricante de carros do mundo em número de unidades produzidas, sinalizou no mês passado uma reversão em sua antiga estratégia de focar na tecnologia de células-combustíveis a hidrogênio em detrimento das baterias. Os próximos anos testemunharão uma enxurrada de novos lançamentos para rivalizar com o Bolt e o Modelo 3.

O design de marca também terá de sofrer adaptações. Um exemplo: as emblemáticas grades em formato de rim da BMW vão se tornar obsoletas com a eletrificação. Os líderes de ontem terão de encontrar novas maneiras de combinar marca, design e tecnologia.


Para os investidores, os riscos e as oportunidades afiguram-se imensos. As ações de quase todas as fabricantes de automóveis, exceção feita à Tesla Motors, estão saindo a preço de banana, seja na comparação com o histórico em bolsa, seja em relação ao mercado de forma mais ampla. Há preocupações de longo prazo, como o custo de adaptação das linhas de montagem para a tecnologia elétrica e o risco de uma quebradeira geral. No entanto, as montadoras que sobreviverem aos solavancos desse período de mudança talvez terminem mais parecidas com empresas de tecnologia – e tão valorizadas quanto.

O futuro do automóvel será eletrizante. E as recompensas para os que apostarem certo suas fichas serão enormes.