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Albioma planeja investir € 400 milhões em biomassa no Brasil
Companhia de origem francesa mira parceria com usinas em operação, focando em aumento da produtividade e geração adicional de energia
[11.04.2016] 19h12m / Por Lívia Neves
A Albioma, empresa de origem francesa, planeja investir cerca de € 400 milhões (R$ 1,6 bilhão) no mercado brasileiro de geração a biomassa, em um período de dez anos. A estratégia inicial da companhia é entrar como parceira em usinas já construídas, assumir a operação e aumentar a geração dos ativos, usando o mesmo volume de combustível ou realizando o retrofit das caldeiras. A energia adicional gerada, conta o diretor presidente da companhia no Brasil, Christiano Forman, pode ser vendida no mercado livre ou no regulado.
Foi o que a companhia fez, no ano passado, com uma expansão de 20 MW (6,2 MW médios) da usina da Jalles Machado, a Codora (68 MW, 48 MW em operação), negociada no A-5 de 2015 a R$ 278/MWh. A Albioma adquiriu 65% de participação na Codora Energia.
Além dessa, a empresa também tem participação na UTE Rio Pardo (60 MW). A usina, que já estava em operação, negociou parte de sua energia (9,4 MW médios) no último leilão de fontes alternativas, a R$ 212/MWh. Neste caso, a energia negociada não vem de uma expansão, mas de uma geração adicional que será assegurada pela otimização da operação promovida pela Albioma e a perspectiva de aumento da moagem de cana nos próximos anos, com melhora nos mercados de açúcar e etanol.
As usinas a biomassa foram incorporadas ao portfólio da companhia em 2015 e 2014, respectivamente, e já demandaram parte dos € 400 milhões que empresa prevê destinar ao Brasil. A ideia da Albioma, explica Forman, é manter o ritmo de entrar em um projeto por ano.
Ganhos de até 50% na geração
O diretor lista algumas das ações que podem ser implantadas nas usinas para melhorar a geração: ajuste de equipamentos existentes, como válvulas, turbinas e caldeiras; uso mais eficiente dos equipamentos; redução do consumo da unidade, que aumentaria o volume de energia exportável; e retrofit das caldeiras. O executivo destaca que cada usina tem características próprias e deve ter um diagnóstico específico.
Apesar disso, a companhia trabalha com números mais genéricos para falar do potencial de seu negócio no país. “Muitas usinas exportam entre 40 kW a 50 kW por tonelada de cana de açúcar. Nós podemos elevar isso para até 80 kW/ton”, projeta Forman.
De acordo com o executivo, esse mercado de usinas em operação foi um dos grandes atrativos vistos pela Albioma, já que a estratégia é justamente fechar parcerias com as usinas de cana-de-açúcar, que continuam sócias das térmicas a biomassa. “É fundamental estabelecer (a parceria com as usinas), porque é de onde vem a biomassa, isso tem que estar alinhado”, comenta.
O momento, segundo Forman, é favorável para as usinas de cana, que podem começar a pensar em expansão de ativos. Ao mesmo tempo, muitas dessas usinas estão altamente endividadas, o que caracteriza uma oportunidade para a entrada de parceiros, que coloquem investimento próprio nos ativos de geração. “(A parceria) pode ser tanto uma ferramenta de crescimento como uma forma de equacionar dívidas (com a venda da geração adicional)”, argumenta o diretor.
Solar
Além da biomassa, que é o principal condutor da estratégia da companhia no Brasil, a Albioma também tem estudado oportunidades de investimento no setor fotovoltaico. Segundo Forman, cerca de 10% da capacidade em operação da empresa no mundo é da fonte solar. Ao todo, a companhia opera 700 MW, a maior parte a biomassa, na França e em territórios franceses.
Apesar de todos os projetos solares da Albioma serem de geração centralizada, a empresa também estuda o mercado de microgeração brasileiro, que começa a despontar.