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quinta-feira, 21 de março de 2019


Energia solar cada vez mais competitiva

Esse tipo de energia atingiu a marca de 2.056 megawatts (MW) de potência instalada operacional, o equivalente a 1,2% da matriz elétrica do País

Fonte: Estado de São Paulo


Embora pudesse ter avançado mais, não fosse o cancelamento de leilões em 2016, a energia solar fotovoltaica tem crescido no Brasil, tornando-se hoje um dos setores mais atraentes para investimentos. Como informa a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), esse tipo de energia atingiu há pouco a marca de 2.056 megawatts (MW) de potência instalada operacional, o equivalente a 1,2% da matriz elétrica do País, superando a energia nuclear (1.990 MW), suprida pelas usinas de Angra I e Angra II.
O País possui atualmente 73 usinas solares fotovoltaicas de grande porte, que carrearam investimentos de mais de R$ 10 bilhões, hoje em operação em nove Estados das Regiões Nordeste, Sudeste e Norte do País. Os investimentos podem crescer muito mais com o manifesto interesse de empresas nacionais e internacionais em participar dos seis leilões de energia nova a serem realizados entre 2019 e 2021, segundo foi divulgado pelo Ministério de Minas e Energia.
Independentemente desses certames, pequenas empresas e particulares se movimentam para investir nesta área com vistas a poupar gastos com energia. Uma startup japonesa, em parceria com uma empresa nacional, por exemplo, anunciou, no final do mês passado, a construção de uma pequena unidade solar, com capacidade de 1,1 MW, em Brasília. Iniciativas como esta já são bastante comuns também no agronegócio.
Na realidade, avanços tecnológicos têm favorecido a competitividade de usinas solares fotovoltaicas de grande porte, permitindo fortes reduções de preços, e não só em relação a combustíveis fósseis. As usinas solares, afirma a Absolar, estão em condições de ofertar energia elétrica a preços médios inferiores aos praticados por outras fontes renováveis, como biomassa e pequenas centrais hidrelétricas (PCHs).
As maiores queixas dos empreendedores estão ligadas às altas tarifas alfandegárias para importação de matéria-prima necessária para produção de módulos fotovoltaicos, o que onera demasiado os custos de construção de usinas. Segundo empresários, isso acaba prejudicando a indústria nacional, já habilitada a fabricar todos os equipamentos utilizados.
Espera-se que, com a abertura comercial, que consta do programa econômico do atual governo, distorções como esta sejam eliminadas.

quarta-feira, 20 de março de 2019


Aumenta produção de biogás no Brasil em 2018


Segundo cadastro do CIBiogás, plantas desse tipo de combustível produziram 3,1 milhões de m³/dia; número de unidades também subiu no ano passado







As plantas de biogás no país produziram 3,1 milhões de m³/dia em 2018, segundo dados do Panorama do Biogás no Brasil, realizado pelo Centro Internacional de Energias Renováveis-Biogás (CIBiogás) e divulgado nesta terça-feira (19/3). O total produzido foi 138% maior do que o registrado no último dado disponível, que é de 2015.
O extenso trabalho, que detalha as plantas existentes no Brasil com fins energéticos, concluiu que há 276 plantas em operação no país, número 117% maior do que o mapeado na pesquisa anterior, quando foram identificadas 127 unidades, que produziam 1,3 milhão de m³/dia.
Ainda segundo o levantamento, em 2018, 82 plantas estavam em instalação, o que deve agregar mais 1,6 milhão de m³/dia ao parque produtivo de biogás. Além disso, foram constatadas mais oito plantas em reformulação ou reforma, que, juntas, poderão gerar mais 50,4 mil m³/dia. Com essas unidades, a produção total deve alcançar 4,7 milhões de m³/dia.
O estudo detectou ainda aumento na produção de biogás por meio de plantas de médio e grande portes. Grande parte das unidades de maior porte se concentram em São Paulo, enquanto que as menores, em maior número, estão localizadas em Minas Gerais. em relação à origem do substrato, 65% das plantas são provenientes do setor agropecuário, 23% da indústria e 12% em resíduos sólidos urbanos e esgoto.
Entretanto, considerando a produção média de biogás, o setor de resíduos sólidos urbanos e esgoto lidera a produção, com 2,4 milhões de m³/dia; seguido pela indústria, com 489 mil m³/dia. A produção da agropecuária alcançou 255,3 mil m³/dia. Esses dados também revelam que as plantas de maior porte são responsáveis pela maior parte da produção, com 82% do volume total de biogás produzido. Já as de médio e de pequeno porte respondem por 13% e 5% da produção, respectivamente.
Outro dado importante é o fato de que 69% das plantas geraram energia elétrica, o que representa 73% do volume de biogás produzido em 2018. Por outro lado, 26,1% das usinas produziram apenas energia térmica, o que corresponde a 16,5% do biogás produzido. Apenas 2,9% das plantas purificam o biogás para biometano ou gás natural renovável veicular, o equivalente a 9,7% do volume total do biogás.
A pesquisa identificou ainda a operação de oito projetos de biometano e a expectativa é que novos projetos devem surgir, com as mudanças na regulação que passaram a permitir a injeção em gasodutos de biometano proveniente de estações de tratamento de esgoto e de aterros. “Isso incentivou investimentos e, além disso, o RenovaBio também terá papel importante para o crescimento desse mercado”, observa Monique Riscado Stilpen, economista do CBiogás e uma das responsáveis pelo levantamento.
Segundo a Associação Brasileira de Biogás e Biometano (Abiogás), a estimativa é que o Brasil possa produzir 32 milhões de m³/dia de biometano em 2030, por conta da nova Política Nacional de Biocombustíveis e também das iniciativas em desenvolvimento nos setores interessados. A associação estima ainda que o potencial brasileiro de biogás é de 82 bilhões de m³/ano (43 bilhões m³/ano de biometano).


O CIBiogás (Centro Internacional de Energias Renováveis–Biogás) é uma instituição científica, tecnológica e de inovação, em forma de pessoa jurídica de direito privado, constituído como associação sem fins lucrativos, autonomia administrativa e financeira, regida por um estatuto. O Centro é formado por 27 instituições que desenvolvem e/ou apoiam projetos relacionados às energias renováveis. Sua estrutura conta com um laboratório de biogás, no Parque Tecnológico Itaipu (PTI), em Foz do Iguaçu, e com 11 unidades de produção de biogás no Brasil.









sexta-feira, 15 de março de 2019

FONTE SOLAR FOTOVOLTAICA ASSUME 7ª POSIÇÃO NA MATRIZ ELÉTRICA BRASILEIRA E ULTRAPASSA NUCLEARES

O Brasil acaba de superar a marca de 2.000 megawatts (MW) de potência operacional em sistemas de geração centralizada solar fotovoltaica, ou seja, usinas de grande porte, conectadas ao Sistema Interligado Nacional (SIN).


























                                            Fonte: ANEEL / ABSOLAR 2019


Segundo mapeamento da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), a fonte solar fotovoltaica, baseada na conversão direta da radiação solar em energia elétrica de forma renovável, limpa, sustentável e cada vez mais competitiva, atingiu um total de 2.056 MW de potência instalada operacional, o equivalente a 1,2% da matriz elétrica do País. Com isso, passa a ocupar a posição de 7ª maior fonte do Brasil, ultrapassando a nuclear, com 1.990 MW (1,2%) provenientes das usinas de Angra I e Angra II, localizadas no Rio de Janeiro.

Para o Presidente do Conselho de Administração da ABSOLAR, Ronaldo Koloszuk, a energia solar fotovoltaica agrega inúmeros benefícios para o progresso do Brasil. “A fonte contribui para a redução de gastos com energia elétrica, atração de novos investimentos privados, geração de empregos locais de qualidade, redução de impactos ao meio ambiente, redução de perdas elétricas na rede nacional, postergação de investimentos em transmissão e distribuição e alívio do sistema elétrico em horários de alta demanda diurna, como nos meses de verão”, destaca Koloszuk.

O Brasil possui hoje usinas solares fotovoltaicas de grande porte operando em 9 estados nas regiões Nordeste, Sudeste e Norte do País, com destaque para Bahia, Minas Gerais e Piauí.


     Fonte: CCEE/ABSOLAR 2019


Segundo o CEO da ABSOLAR, Rodrigo Sauaia, o Brasil possui atualmente 73 projetos de geração centralizada solar fotovoltaica em operação, contratados por meio de leilões de energia elétrica do Governo Federal. “Desde o primeiro leilão federal realizado em 2014, o setor solar fotovoltaico trouxe ao Brasil mais de R$ 10 bilhões em novos investimentos privados e dezenas de milhares de empregos locais de qualidade. O Brasil tem um dos melhores recursos solares do mundo e estamos apenas começando a aproveitá-lo”, projeta Sauaia.
 
Competitividade em ascensão
 
A fonte solar fotovoltaica tem apresentado forte queda de preços, o que permitiu que a tecnologia atingisse um novo patamar de competitividade a partir do leilão de energia nova A-4 de 2017. Desde então, a fonte tem ofertado energia elétrica a preços médios inferiores aos praticados por outras renováveis, como a biomassa e as pequenas centrais hidrelétricas (PCHs).


























                                               Fonte: CCEE/ABSOLAR 2018

Segundo o presidente executivo da ABSOLAR, Rodrigo Sauaia, o Governo Federal anunciou recentemente por meio de uma portaria do Ministério de Minas e Energia que fará seis novos leilões de energia nova nos anos de 2019, 2020 e 2021. “O setor solar fotovoltaico está preparado e a postos para participar de todos estes leilões, contribuindo para a expansão renovável da matriz elétrica brasileira a preços baixos. Já somos a segunda fonte renovável mais barata do Brasil e estamos prontos para ajudar o País a crescer com competitividade e sustentabilidade”, destaca Sauaia.
 
A ABSOLAR projeta que a tendência de redução de preços da fonte solar fotovoltaica deverá continuar pelos próximos anos, fazendo com que a fonte passe a assumir um papel de destaque cada vez maior na expansão da matriz elétrica nacional.


O Brasil ingressou na IEA como um país da Associação em outubro de 2017. 




Depois de permanecer estável por três anos, o primeiro Relatório Global de Status de Energia e CO2 da IEA - lançado em março 2018 - relatou que as emissões globais de CO2 relacionadas à energia aumentaram novamente em 2017, atingindo um recorde histórico.

Isto enviou um forte aviso de que os esforços atuais para combater as mudanças climáticas são insuficientes para atender ao Acordo de Paris. É claro que qualquer esforço para reduzir as emissões e cumprir os objetivos climáticos deve fundamentalmente incluem o sector da energia, uma vez que a energia representa mais de dois terços do total das emissões de gases 80% das emissões de CO2.

Para o setor de energia, o aumento das emissões em 2017 sublinhou a importância crítica de rastrear CO2 emissões de combustão de combustível; dados precisos é, em última análise, a base da análise e da política que moldará o setor de energia nas próximas décadas. Para garantir que esses dados sejam disponibilizados para os formuladores de políticas e analistas,

A IEA trabalha com países em todo o mundo para melhorar a geração de relatórios de dados de energia, resultando em estimativas de emissões de CO2. Baseado em dados oficiais de energia para mais de 150 países em todo o mundo e metodologias IPCC acordadas internacionalmente, esta publicação representa o conjunto mais abrangente de estimativas de Emissões de CO2 da combustão de combustíveis em todo o mundo e em todos os setores da economia.

.Através de publicações como esta, a AIE continuará a fornecer dados precisos para informar a política debater e promover recomendações de políticas baseadas em evidências sobre o relacionamento complexo, mas criticamente importante, entre energia e mudança climática.

Dr. Fatih Birol

Diretor executivo


Esta publicação anual contém, para mais de 150 países e regiões:
  • estimativas de emissões de CO 2 ;
  • indicadores selecionados como CO 2 / PIB, CO 2 / capita e CO 2 / TPES;
  • uma decomposição de emissões de CO 2 em fatores de acionamento;
As emissões são calculadas usando bancos de dados de energia da IEA e os métodos e fatores de emissão padrão das Diretrizes do IPCC de 2006 para Inventários Nacionais de Gases de Efeito Estufa .

quinta-feira, 14 de março de 2019


Revisão de regras para geração distribuída foi discutida em São Paulo



Fonte: http://www.aneel.gov.br



Foi realizada nesta quinta-feira (14/3), no Espaço Club Homs, em São Paulo, sessão presencial da audiência pública Nº 001/2019, cujo objetivo é discutir a Análise de Impacto Regulatório (AIR) da revisão da Resolução Normativa 482/2012 que trata das regras para micro e minigeração distribuída. O evento contará com a presença do diretor da ANEEL, Rodrigo Limp. 
A Resolução Nº 482 foi aprovada em abril de 2012 e desde então o consumidor brasileiro pode gerar sua própria energia elétrica a partir de fontes renováveis ou cogeração qualificada e, inclusive, fornecer o excedente para a rede de distribuição de sua localidade. A proposta que está em audiência tem como objetivo analisar diferentes alternativas para o sistema de compensação de energia elétrica, tendo em vista a necessidade de definir uma forma de valoração da energia injetada na rede que permita o crescimento sustentável da geração distribuída no Brasil.
Pelas regras atuais, a energia excedente gerada em uma unidade consumidora com micro ou minigeração pode ser injetada na rede da distribuidora e depois utilizada para abater  integralmente o mesmo montante de energia consumida. Assim, a energia injetada na rede pelo micro ou minigerador acaba sendo valorada pela tarifa de energia elétrica estabelecida para os consumidores.
Os estudos, porém, indicam que a manutenção das regras atuais indefinidamente pode levar a custos elevados para os demais usuários da rede, que não instalaram geração própria.  Nesse sentido, seria necessária uma modificação nas regras após uma maior consolidação do mercado de geração distribuída.
Assim, na AIR a alternativa apresentada para a alteração normativa propõe que a forma de compensação atual seja mantida até que a potência de micro e minigeração distribuída (GD) instalada em cada distribuidora alcance determinado nível, tanto para sistemas remotos como locais (quando a compensação ocorre no mesmo endereço onde a energia é gerada). 


ANEEL QUER NOVA REGRA DE GERAÇÃO DISTRIBUÍDA CONCLUÍDA NO 2º SEMESTRE


O plano da agência é ter uma nova resolução ainda neste ano.


“A grande participação dos agentes neste processo demonstra a importância do tema para a sociedade e contribui ativamente para o aprimoramento da regulamentação”, afirmou o diretor.

Além da sessão presencial em São Paulo, a Aneel planeja um outro evento em Fortaleza. 

A seguir, as contribuições serão analisadas e a intenção é preparar a minuta da nova resolução para a fase final de consulta no início do segundo semestre. 

A transição para os consumidores que estão nas regras atuais para a nova resolução é até agora o ponto de maior divergência com os agentes de mercado. A regra prevê um período de 25 anos para quem estiver no sistema até a nova data. Há proposta para que não haja transição.

“Um dos pilares de atuação da agência é a previsibilidade, que contribui para uma maior estabilidade regulatória e segurança jurídica. Neste sentido, é importante garantir um período de transição para aqueles que instalaram a geração antes da aprovação da nova regra”, defendeu o diretor. 

Pela resolução em vigor, a 482/2012, os consumidores que têm sistema de geração próprio não pagam pela rede de distribuição. O foco principal da mudança é que eles passem a pagar com parte da energia excedente produzida. As alternativas variam entre uma taxa de 28% a 63% do que for injetado, em média.

Ou seja, de cada 100 kW injetados pelo consumidor na rede, ele receberia de volta ou poderia colocar em outra unidade na mesma região 72 kW na menor alternativa. 

Outro ponto em debate é o tempo para a introdução das novas regras. A ideia é que a nova regra passe a valer a partir de um gatilho de geração distribuída. 

No caso da geração local, a ideia é que esse gatilho (somando todo o Brasil) seja quando se atingir 3,4 GW de produção. Para a geração remota, o gatilho seria em 1,25 GW para iniciar a cobrança que seria aumentada quando chegasse a 2,13 GW. Atualmente, o consumo está em 0,57 GW.

Limp explicou que cada distribuidora terá seu próprio gatilho para que o país possa ter um crescimento mais uniforme desse tipo de produção. A estimativa é que o país possa gerar 21 GW de energia por esses sistemas até 2035. 

quarta-feira, 13 de março de 2019

Poluição de Manaus altera funcionamento do ecossistema amazônico

Poluentes geram partículas que alteram incidência da radiação solar, fotossíntese e formação de chuva




Gases emitidos pelas fontes de poluição existentes na cidade de Manaus (na foto acima), como por exemplo os óxidos de nitrogênio (NOx), oxidam na atmosfera da floresta, condensam e dão origem aos aerossóis secundários, que alteram incidência de luz solar e formação de chuvas  – Foto: Agência Fapesp via Fapeam

O impacto da poluição emitida na cidade de Manaus sobre a floresta amazônica é revelado em pesquisa internacional com a participação do Instituto de Física (IF) da USP. Os poluentes urbanos de Manaus, levados pelos ventos, possuem substâncias que reagem com a composição da atmosfera amazônica e geram partículas conhecidas como aerossóis secundários. As medidas feitas no estudo mostram que na região de floresta houve um aumento de até 400% na produção de aerossóis secundários, que modificam a incidência da radiação solar sobre a mata e alteram a taxa de fotossíntese e os mecanismos de formação de chuva, entre outros efeitos. A pesquisa é descrita em artigo publicado na revista Nature Communications.
De acordo com o professor Paulo Artaxo, do Instituto de Física (IF) da USP, um dos autores do artigo, o aumento da produção de aerossóis secundários na floresta é causado principalmente pelas altas emissões de óxidos de nitrogênio (NOx) em Manaus. “A interação dos NOx com radicais livres produz também altas concentrações de ozônio (O3), um forte poluente fitotóxico, que afeta os estômatos das folhas e reduz a absorção de carbono da floresta amazônica”, acrescenta.
Professor Paulo Artaxo: aumento de produção de aerossóis secundários na floresta amazônica é causado principalmente pelas altas emissões de óxidos de nitrogênio (NOx) em Manaus – Foto: Marcos Santos/USP Imagens

O trabalho é um dos resultados do experimento científico GoAmazon 2014/15, que reúne pesquisadores do Brasil, Estados Unidos e Alemanha, e conta com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Fapeam (Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas), DoE (Departamento de Energia) dos Estados Unidos e Instituto Max Planck, da Alemanha. “O objetivo é entender como as mudanças promovidas pelo homem podem afetar a atmosfera limpa da região amazônica, uma das poucas regiões continentais que ainda tem situações pré-industriais”, conta o professor Henrique Barbosa, do IF, que também assina o artigo. “Durante a estação das chuvas, não há queimadas e a atmosfera fica muito limpa, sem comparação com o ar que se respira nos grandes centros urbanos.”
Professor Henrique Barbosa, do IF: objetivo da pesquisa é entender como as mudanças promovidas pelo homem podem afetar a atmosfera limpa da região amazônica – Foto: Cecília Bastos/USP Imagens
Segundo o professor Barbosa, os aerossóis na atmosfera podem ser primários ou secundários. “Os primários são emitidos como partículas, casos da poeira, do pólen e da fuligem. Os secundários são produzidos a partir de gases que sofrem reações químicas na atmosfera, condensam e dão origem a novas partículas, entre os quais estão os compostos orgânicos voláteis (COVs)”, relata. “Na Amazônia existem COVs que são emitidos pela vegetação de maneira natural, como os isoprenos e os terpenos. Porém, os gases emitidos pelas fontes de poluição (NOx, por exemplo), oxidam na atmosfera, condensam e dão origem aos aerossóis secundários.”
Trabalhos anteriores do experimento GoAmazon 2014/15 mostraram o impacto de partículas de aerossol muito finas nos mecanismos de formação e desenvolvimento de nuvens. “As gotículas que compõem as nuvens são formadas pelo vapor de água que se depositam nas partículas de aerossol em suspensão na atmosfera”, explica Barbosa. “Os estudos mostraram que a pluma de poluição de Manaus tem altas concentrações de partículas ultrafinas que modificam muito as propriedades das nuvens. Este novo estudo conseguiu modelar os processos de formação destas partículas nanométricas, e estudos algum dos efeitos destas partículas sobre o ecossistema”.
Na amazônia, a poluição de Manaus, levada pelos ventos, causou um aumento de 60% a 200% na produção de aerossóis, em alguns casos atingindo 400%. “Os mecanismos responsáveis por este aumento foram modelados e desvendados. O aumento da quantidade de aerossóis produzidos por oxidantes antropogênicos (gerados pela atividade humana), além de modificar as nuvens, também altera o modo com que a radiação solar chega ao solo”, relata Artaxo. “Mais aerossóis espalham a radiação direta e diminuem a quantidade de energia disponível para as plantas fazerem fotossíntese e absorverem carbono. Ao mesmo tempo, há um aumento da radiação difusa, que penetra mais no interior da mata e favorece a fotossíntese, mas isso só ocorre até um certo nível de quantidade de aerossóis.”
Em grandes quantidades, o bloqueio da radiação solar direta é maior e prejudica a fotossíntese da floresta, impedindo a fixação de carbono, destaca o professor Artaxo. “Novos estudos serão desenvolvidos para detalhar os efeitos dessa grande produção de aerossóis secundários”, aponta. “Isso será realizado com experimentos em avião em 2020, o Chemistry of the Atmosphere: Field Experiment in Brazil (o CAFÉ-Brasil) e em medidas que estão sendo feitas na torre ATTO (Amazon Tall Tower Observatory), uma torre de 320 metros no meio da floresta.” Todos esses experimentos contam com apoio de projetos temáticos da Fapesp.
O artigo Urban pollution greatly enhances formation of natural aerosols over the Amazon rainforest é assinado por 36 autores, dos quais nove são brasileiros: Paulo Artaxo, Henrique Barbosa, Joel e Rita Ynoue, da USP, Eliane Gomes Alves e Rodrigo Souza, da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Helber Gomes, da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Adan Medeiros, da UEA e do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), e Suzane S. de Sá, da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. O artigo é de livre acesso na revista Nature Communications.
Mais informações: e-mails artaxo@if.usp.br, com o professor Paulo Artaxo, e hbarbosa@if.usp.br, com o professor Henrique Barbosa
Emissões de poluentes em Manaus, levadas pelos ventos até a floresta amazônica, afetam a produção de aerossóis e alteram processos críticos para a floresta, incluindo fotossíntese, produção e desenvolvimento de nuvens, chuvas, entre outros – Imagem: cedida pelos pesquisadores


sexta-feira, 8 de março de 2019

Moura e Eletra produzirão 1º ônibus elétrico 100% brasileiro


Fonte: http://www.usinagem-brasil.com.br



Uma parceria oficializada no último dia 21 de fevereiro entre a Eletra, o Grupo Moura e a norte-americana Xalt Energy deverá viabilizar a produção do primeiro ônibus elétrico 100% fabricado no Brasil.
O acordo envolve, respectivamente, a empresa referência em transporte público sustentável no país, a líder em vendas de baterias na América do Sul e uma companhia altamente especializada em soluções de armazenamento de energia para veículos pesados de grande porte.
O projeto prevê a apresentação do novo modelo ao mercado até meados deste ano. Juntamente com este ônibus 100% elétrico, será também desenvolvido pelas três companhias um inédito modelo elétrico-híbrido.
Será uma junção de competências. Um dos grandes diferenciais da tecnologia desenvolvida pela Eletra é a padronização do sistema de tração elétrica dos modelos híbrido e elétrico puro, e a flexibilidade para somar, isolar ou substituir fontes de energia distintas no mesmo ônibus.
Já a Moura mantém intercâmbio tecnológico com a Xalt há cerca de um ano, com o foco na adaptação dos produtos fabricados pela empresa dos Estados Unidos para o mercado sul-americano. A empresa também pretende iniciar a produção local, assim que a demanda interna justificar os investimentos.
“Seremos responsáveis por avaliar o desempenho das baterias de acordo com nossas condições climáticas e a demanda por energia segundo o perfil de mobilidade das grandes cidades brasileiras”, diz o diretor geral da Divisão de Lítio e diretor de Logística e Suprimentos da Moura, Fernando Castelão.
Segundo ele, a empresa também disponibilizará sua rede de distribuição, o know-how em logística reversa, assistência técnica, serviços de pós-venda e conexões com os fornecedores da cadeia produtiva.
No veículo elétrico puro, a energia para o sistema é proveniente de um conjunto de baterias de lítio, interligadas em série e em paralelo. Já no modelo elétrico-híbrido, a energia vem destas baterias e do grupo motor-gerador, que, somados ou individualmente, alimentam o sistema de tração. Mas nos dois modelos apenas o motor elétrico traciona o veículo.
O modelo elétrico puro apresenta autonomia de aproximadamente 200 km. O elétrico-híbrido pode operar no modo elétrico puro (com grupo motor-gerador desligado) por até 30 km.