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quarta-feira, 23 de outubro de 2019

O que é Geração Distribuída – GD






A geração distribuída pode ser definida como uma fonte de energia elétrica conectada diretamente à rede de distribuição. Isso significa que a geração distribuída pode ocorrer com diversas fontes de energia sustentáveis como a energia solar, eólica e provenientes de usinas hidroelétricas.

Definição de Geração Distribuída

A geração distribuída pode ser definida como uma fonte de energia elétrica conectada diretamente à rede de distribuição ou situada no próprio consumidor. No Brasil, a definição de GD é feita a partir do Artigo 14º do Decreto Lei nº 5.163/2004, atualizada pelo decreto 786/2017
“Considera-se geração distribuída toda produção de energia elétrica proveniente de agentes concessionários, permissionários ou autorizados (...) conectados diretamente no sistema elétrico de distribuição do comprador, exceto aquela proveniente de: hidrelétrico com capacidade instalada superior a 30 MW;  termelétrico, inclusive de cogeração, com eficiência energética inferior a 75%.”

(Fonte: Caderno de Recursos Energéticos Distribuídos – FGV Energia)


De acordo com RN 482/2012, responsável por constituir as condições regulatórias para a inserção da geração distribuída na matriz energética brasileira, são apresentadas as seguintes definições:
  • Microgeração distribuída: Sistemas de geração de energia renovável ou cogeração qualificada conectados a rede com potência até 75 kW;
  • Minigeração Distribuída: Sistemas de geração de energia renovável ou cogeração qualificada conectados a rede com potência superior a 75 kW e inferior a 5 MW
Abaixo um panorama da geração distribuída por geração de energia fotovoltaica.




A Geração Distribuída  fotovoltaica no Mundo

Seja pela diversificação da matriz energética, domínio da tecnologia ou busca por minimização dos impactos ambientais provindos de fontes não sustentáveis, a geração distribuída vem se consolidando no mundo como uma das formas mais inteligentes de se produzir energia:

A Geração Distribuída no Japão

1994 – Instituiu o programa 70.000 telhados solares;
US$ 457 Milhões  em investimentos no programa;
Redução fiscal para a indústria solar;
Subsídios para o financiamento de energia solar;
Resultados: Aumento de 15 MW em 1993 para 127 MW em 2001.

A Geração Distribuída na Alemanha

1991 – Instituição da Lei Feed–in–Law;
Venda de energia provinda de geração distribuída: A concessionária é obrigada a comprar toda energia gerada pelos sistemas fotovoltaicos, pagando uma tarifa prêmio por essa energia;
1991 a 1995 – Instituição do Programa 1.000 telhados fotovoltaicos oferecendo uma subvenção de 70% do custo inicial de instalação do projeto;
1999 - "100.000 Roofs Solar Programme" – Programa do governo objetivando a instalação de 10.000 telhados solares contando com financiamento de 0% de juros e 10 anos para o financiamento;
Resultados: Consolidação da Alemanha como a maior referência em fomento a geração de energia solar fotovoltaica mundial;

A Geração Distribuída nos EUA

2006: Programa do estado da Califórnia, chamado “Million Solar Roofs Plan”, ou seja, um programa para instalação de sistemas fotovoltaicos em um milhão de telhados, totalizando 18GWp de potência até 2018;
2008: Departamento de energia do governo estadunidense anunciou um investimento de US$17,6 milhões em seis companhias de energia, de forma a tornar a energia fotovoltaica competitiva através do desenvolvimento tecnológico;
Incentivos fiscais e financiamentos: 40 estados já aderiram o sistema de net metering. Taxas de financiamentos mais baixas para sistemas fotovoltaicos e deduções de impostos estão entre a políticas de incentivo adotadas pelo governo para o desenvolvimento da fonte.
VOS - No estado de Minnesota, aplica-se o Value of Solar (ou VOS), o qual é capaz de precificar todos os benefícios socioambientais da geração solar distribuída fazendo com que os consumidores possam vender essa energia a esse preço (maior que o preço retail) a distribuidora;
Resultados: Os EUA já possui um mercado consolidado em geração distribuída. Para os consumidores novos produtos financeiros estão se popularizando em formatos de PPA ou leasing,  visando trazer aos clientes economia imediata através da energia solar (savings from day one). Estão previstos 30.000 novos postos de empregos nos EUA em geração distribuída de energia para 2016.

A Geração Distribuída no Brasil
A geração distribuída no Brasil tem como base o net metering, no qual o consumidor-gerador (ou “prosumidor”, palavra derivada do termo em inglês prosumer – producer and consumer), após descontado o seu próprio consumo, recebe um crédito na sua conta pelo saldo positivo de energia gerada e inserida na rede (sistema de compensação de energia). Sempre que existir esse saldo positivo, o consumidor recebe um crédito em energia (em kWh) na próxima fatura e terá até 60 meses para utilizá-lo. No entanto, os “prosumidores” não podem comercializar o montante excedente da energia gerada por GD entre eles. A rede elétrica disponível é utilizada como backup quando a energia gerada localmente não é suficiente para satisfazer as necessidades de demanda do “prosumidor” - o que geralmente é o caso para fontes intermitentes de energia, como a solar.
(Fonte: Caderno de Recursos Energéticos Distribuídos – FGV Energia)


 As regras da Geração Distribuída - GD
  • As regras básicas definidas pela REN 482/2012, aperfeiçoada pela REN 687/2015 válidas desde 1º de março de 2016:
  • Definição das potências instaladas para micro (75 kW) e minigeração (5 MW);
  • Direito a utilização dos créditos por excedente de energia injetada na rede em até 60 meses;
  • Possibilidade de utilização da geração e distribuição em cotas de crédito para condomínios;
  • Foram estabelecidos prazos para processos, padronização de formulários para solicitação de conexão e definição de responsabilidades atribuídas aos clientes, a empresa responsável pela implantação do sistema e a distribuidora;
  • Foi possibilitada a forma de auto-consumo remoto onde existe a geração em uma unidade e o consumo em outra unidade de mesmo titular;
  • Foi possibilitada a geração compartilhada onde um grupo de unidades consumidoras são responsáveis por uma única unidade de geração;
 Incentivos para a Geração Distribuída no Brasil

  • O CONFAZ, através do Ajuste SINIEF 2, revogou o Convênio que orientava a tributação da energia injetada na rede. Cada estado passou a decidir se tributa ou não a energia injetada. Até o momento, os seguintes estados aderiram: SP, PE, GO, CE, TO, RN, MT, BA, DF, MA, RJ, RS, RR, AC, AL e MG
  • O Governo Federal, através da Lei n° 13.169, isentou o PIS e COFINS a energia injetada na rede;
  • O Governo Federal criou o Programa de Desenvolvimento da Geração Distribuída de Energia Elétrica (ProGD) com intuito de fomentar a geração distribuída no Brasil;
  • Existe a tendência de que municípios passem a adotar medidas de incentivo para a dedução de IPTU para a geração distribuída como é o caso do município de Palmas em TO;
  • Dedução de imposto de renda por amortização de equipamentos;
  • Foi aprovado na Comissão de Serviços de Infraestrutura do Senado o projeto de Lei 371 de 2015  para o resgate do FGTS para aquisição de sistemas de microgeração;
  • Estão disponíveis no mercado linhas de financiamento para a geração distribuída:  Mais Alimentos (Pronaf), Economia Verde (Desenvolve SP), Finem (BNDES), PE Solar (Agefepe), Crédito produtivo energia solar (Goiás Fomento), FNE Sol (BNB), Construcard (Caixa Econômica Federal), CDC Eficiência Energética (Santander), Proger (Banco do Brasil), Consórcio Sustentável (Sicredi) além das empresas que estão oferecendo soluções financiadas através de contratos de performance (ESCO) e alugueis.

Os benefícios da Geração Distribuída para o Brasil

O Brasil possui um ótimo recurso solar – 1.550 a 2.350 kWh/m² por ano, porém existem outros benefícios agregados a geração distribuída:
  • Diversificação da matriz energética;
  • São evitadas perdas por transmissão de energia, considerando que a geração distribuída é disponibilidade próxima ao consumo;
  • Geração de empregos de qualidade  - 30 empregos diretos e 3,1 empregos indiretos por MW instalado (Fonte ABSOLAR);
  • Possibilidade de desenvolver cadeia produtiva nacional;
  • Equilíbrio de cargas no sistema na rede de distribuição e na fronteira com a rede básica;
  • Matriz energética mais sustentável;
  • Melhor aproveitamento dos recursos;
  • Maior eficiência energética nos empreendimentos;

A quantidade de sistemas de Geração Distribuída instalados no Brasil

Até o mês de maio de 2016, foram instalados 3.565 conexões no Brasil, sendo 1780 somente entre os meses de janeiro e maio desse ano. Estão previstos aproximadamente mais 4.200 conexões até o final desse ano.
Somente no ano 2014, nós saímos de 424 sistemas instalados para 1731 em 2015. Um crescimento de mais de 300 % em um ano.

ProGD – Portaria 538/2015

No dia 15 de dezembro de 2015, o Ministério de Minas e Energia criou o Programa de Desenvolvimento da Geração Distribuída de Energia Elétrica (ProGD), para ampliar e aprofundar as ações de estímulo à geração de energia pelos próprios consumidores, com base nas fontes renováveis de energia (em especial a solar fotovoltaica).

Metas ProGD

Reduzir as emissões de CO2 em relação aos níveis de 2005, em 37% até 2015, e em 43% até 2030;
Alcançar 23% de energias renováveis (além da energia hídrica) no fornecimento de energia elétrica;
Alcançar 10% de eficiência no sistema elétrico até 2030;

Ações ProGD

  • Incentiva a atuação de agentes vendedores de energia de empreendimentos de geração distribuída;
  • Estabelece os valores de referência específicos (VREs)  e os índices de atualização;
  • Prevê estudo para permitir a venda de energia no mercado livre de energia (ACL);
  • Institui grupo de trabalho com o MME, Aneel, EPE, Cepel e CCEE para acompanhar as ações e propor aprimoramentos legais, regulatórios e tributários para o estímulo a geração distribuída.
  • Criação e expansão de linhas de crédito para geração distribuída;
  • Incentivo a industrial como foco no desenvolvimento tecnológico, produtivo e inovação;
  • Fomento a capacitação e a formação de recursos humanos para atuar na geração distribuída;
  • Implantação de sistemas de geração distribuída em escolas federais, universidades e hospitais;
 O potencial de crescimento da Geração Distribuída
1 - A Aneel prevê 1,23 milhão de sistemas conectados a rede até 2024 (4.557 MW).
2 - A EPE prevê que serão instalados 78 GWp em sistemas de geração distribuída até 2050 com grande destaque para a microgeração residencial.
  • 3 GW – Poder público;
  • 13 GW – Industrial;
  • 29 GW – Comercial;
  • 33 GW – Residencial;
Artigo de: Rafael Pereira - Especialista em Energia Solar Fotovoltaica e Analista de GD.

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segunda-feira, 14 de outubro de 2019

Nobel de Química premia descoberta das baterias de lítio


SITE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA. Nobel de Química premia descoberta das baterias de lítio. 09/10/2019. Online. Disponível em www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=nobel-quimica-2019-premia-descoberta-baterias-litio. Capturado em 14/10/2019.

Cada um dos pesquisadores levará um terço do prêmio.
                                                                  [Imagem: Niklas Elmedhed/Nobel Media]


Nobel para as baterias de lítio
John B. Goodenough (Universidade do Texas em Austin, EUA), M. Stanley Whittingham (Universidade de Binghamton e Universidade Estadual de Nova York, EUA) e Akira Yoshino (Universidade de Meijo, Japão) foram agraciados com o Prêmio Nobel de Química de 2019 "pelo desenvolvimento das baterias de íons de lítio".
As baterias de íons de lítio são usadas em todo o mundo para alimentar os aparelhos eletrônicos portáteis que usamos para comunicar, trabalhar, estudar, ouvir música e buscar conhecimento. Elas também permitiram o desenvolvimento de carros elétricos com maior autonomia e o armazenamento de energia de fontes renováveis, como energia solar e energia eólica.
Embora já existissem baterias químicas na Antiguidade, e a invenção das baterias modernas seja creditada a Alessandro Volta, em 1800, os fundamentos das baterias de íons de lítio foi lançada durante a crise do petróleo, na década de 1970.          
Bateria de Whittingham
Stanley Whittingham trabalhou no desenvolvimento de métodos que poderiam levar a tecnologias de energia sem combustíveis fósseis. Ele começou pesquisando supercondutores e descobriu um material extremamente rico em energia, que ele usou para criar um catodo inovador em uma bateria de lítio. Isso foi feito a partir do dissulfeto de titânio que, em nível molecular, possui espaços que podem abrigar - intercalar - íons de lítio.
O anodo da bateria era parcialmente feito de lítio metálico, que possui um forte impulso para liberar elétrons. Isso resultou em uma bateria capaz de gerar pouco mais de dois volts. No entanto, o lítio metálico é reativo e a bateria era muito explosiva para ser viável.
Bateria de Whittingham. [Imagem: Johan Jarnestad/The Royal Swedish Academy of Sciences]

Bateria de Goodenough
John Goodenough previu que o catodo teria um potencial ainda maior se fosse fabricado usando um óxido metálico, em vez de um sulfeto metálico. Após uma busca sistemática, em 1980 ele demonstrou que o óxido de cobalto com íons de lítio intercalados podia produzir até quatro volts. Este foi um avanço importante e levaria a baterias de capacidade muito maior.
 Bateria de Goodenough. [Imagem: Johan Jarnestad/The Royal Swedish Academy of Sciences]

Bateria de Yoshino
Usando o catodo de Goodenough como base, Akira Yoshino criou a primeira bateria comercialmente viável de íons de lítio, em 1985.
Em vez de usar o reativo lítio no anodo, ele usou coque de petróleo, um material de carbono que, como o óxido de cobalto do catodo, pode intercalar íons de lítio.
O resultado foi uma bateria leve e resistente que podia ser recarregada centenas de vezes antes que seu desempenho se deteriorasse. As primeiras baterias de lítio chegaram ao mercado em 1991.
A vantagem das baterias de íons de lítio é que elas não são baseadas em reações químicas que destroem os eletrodos, mas em íons de lítio que fluem para frente e para trás entre o anodo e o catodo.
Bateria de Yoshino.  [Imagem: Johan Jarnestad/The Royal Swedish Academy of Sciences]


sexta-feira, 11 de outubro de 2019


A Eletromobilidade e... 
as cidades do futuro

Fonte:https://fgvenergia.fgv.br/






A expansão do uso de soluções de mobilidade elétrica está ocorrendo de forma acelerada no mundo. Segundo a IEA (2019)1 , em 2018, a frota de carros elétricos ultrapassou 5,1 milhões, dois milhões a mais do que em 2017. Também estavam em circulação, em 2018, mais de 300 milhões de veículos elétricos de duas ou três rodas e 460 mil ônibus elétricos, além de cerca de 250 mil veículos para transporte de carga. Esta rápida disseminação é influenciada de forma decisiva por políticas de incentivo adotadas pelos diversos países que estão caminhando nesta direção. Existem inúmeras maneiras de estimular a maior penetração de veículos elétricos em um país, e a escolha da política a ser adotada deve ser discutida e elaborada cuidadosamente, permitindo que todas as partes envolvidas possam se preparar. 
Segundo Oliveira et al. (2017)2 , os instrumentos empregados para estimular a maior penetração de veículos elétricos têm como foco quatro grandes áreas: 

  • 1. Produção: incentivos à criação de capacidade produtiva local; 
  • 2. Ciência e tecnologia: visa promover o avanço científico e aprendizado tecnológico; 
  • 3. Infraestrutura: o foco é dado na integração dos veículos elétrico aos sistemas de energia elétrica e transporte local; e 
  • 4. Consumo: uso de mecanismos que estimulam a demanda. 
As políticas voltadas para a inserção e a expansão dos veículos elétricos fazem parte das estratégias de cada país e variam de acordo a realidade de cada um. Consoni et al. (2018)3 , em estudo desenvolvido no âmbito Promob-e (projeto de cooperação técnica executado pelo Ministério da Economia em parceria com o Ministério Alemão de Cooperação Econômica e para Desenvolvimento), analisaram o sistema de governança criado pelos países que lideram a produção e/ou venda de veículos elétricos no mundo (Estados Unidos, Japão, China, Alemanha, França e Noruega). Os principais fatores que motivaram tais países e estruturar e difundir os veículos em território nacional foram: segurança energética; saúde pública; redução de emissões de gases de efeito estufa; desenvolvimento técnico e econômico do setor automobilístico; e oportunidade de desenvolvimento de setores industriais inovadores.



Internet das Coisas: 

Essa tecnologia vai afetar sua vida


Fonte: SITE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA. Internet das Coisas: Essa tecnologia vai afetar sua vida. 09/09/2019. Online. Disponível em www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=internet-coisas-essa-tecnologia-vai-afetar-sua-vida. Capturado em 11/10/2019.





Embora mais conhecido entre técnicos, empresas e pesquisadores, o termo Internet das Coisas vem ganhando visibilidade na sociedade. As coisas, neste caso, são todo tipo de equipamento, que pode ser conectado de distintas formas, de um caminhão para acompanhamento do deslocamento de frotas de transporte de produtos a microssensores que monitoram o estado de pacientes à distância em hospitais ou fora deles.
Na Internet das Coisas (IdC) - também tratada pela sigla em inglês IoT (Internet of Things) - novas aplicações permitem o uso coordenado e inteligente de aparelhos para controlar diversas atividades, do monitoramento com câmeras e sensores até a gestão de espaços e de processos produtivos. As regras para este ambiente tratam tanto da conexão como da coleta e processamento inteligente de dados.
O ecossistema da IdC envolve diferentes agentes e processos, como módulos inteligentes (processadores, memórias), objetos inteligentes (eletrodomésticos, carros, equipamentos de automação em fábricas), serviços de conectividade (prestação do acesso à Internet ou redes privadas que conectam esses dispositivos), habilitadores (sistemas de controle, coleta e processamento dos dados e comandos envolvendo os objetos), integradores (sistemas que combinam aplicações, processos e dispositivos) e provedores dos serviços de IdC.
Convergência tecnológica
A IdC pode ser entendida como uma "convergência" de tecnologias já existentes, mas gerando "um salto qualitativo", diz Eduardo Kaplan, economista do setor de tecnologias da informação do BNDES.
"A IdC traz mudanças tanto no desenvolvimento de uma conectividade mais pervasiva, quanto no aumento do processamento dos dados e barateamento e refinamento dos sensores que permitem a coleta de dados em diversos ambientes e com diferentes atuadores. Tudo isso associado a alguma solução prática, algum uso que permite aumento de eficiência, redução de intervenção humana, novos produtos ou novos modelos de negócios," explicou.
A conectividade em diversas atividades já ocorre há vários anos, como é o caso de processos de automação, mas a diferença da IdC está na quantidade de dispositivos conectados e nas transformações que esse tipo de recurso pode gerar em diversas áreas.
Um exemplo é o uso de sensores em tratores que medem a situação do solo e enviam dados para sistemas responsáveis por processar essas informações e fazer sugestões das melhores áreas ou momentos para o plantio. Outro é a adoção de dispositivos em casa, como termômetros, reguladores de consumo de energia ou gestores de eletrodomésticos, que permitem ao morador da residência controlar esses equipamentos à distância.


O outro lado
Para a professora Fernanda Bruno, coordenadora do Medialab, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, esse novo ecossistema traz uma ampliação da vigilância da vida das pessoas, que hoje já existente nos celulares, mas com potencial de crescimento por meio da disseminação de sensores em todo tipo de equipamento, como veículos, eletrodomésticos, postes e edifícios.
Esse processo, continua a professora, não é apenas um aumento quantitativo desse monitoramento do cotidiano, mas também qualitativo, uma vez que a captura dos dados é mais sutil e silenciosa, muitas vezes sem a consciência por parte dos indivíduos de que estão sendo objeto de tal monitoramento.
"Enquanto a Internet 'tradicional' foi marcada pela interatividade, a IdC está incorporada aos objetos e captura os nossos dados enquanto usamos tais objetos ou frequentamos certos espaços e ambientes. Mas é preocupante pensarmos que quantidades imensas de dados extremamente relevantes e sensíveis sobre nossos hábitos e comportamentos estão sendo coletados de forma contínua sem que seja necessária a nossa percepção e consciência deliberada disso," observa Fernanda Bruno.

terça-feira, 1 de outubro de 2019


Por que a transição de energia renovável da China está perdendo impulso ?







O crescimento de energia eólica e solar na China está diminuindo à medida que o financiamento do governo para energia verde falha e melhora a infraestrutura de transmissão. Com as emissões de CO2 da China novamente em ascensão, os especialistas temem que o maior emissor do mundo não atinja as principais metas climáticas.

A quase 10.000 pés, os desertos altos da província de Qinghai, no noroeste da China, são o local ideal para aproveitar a energia do sol. Não existe muita coisa nesta paisagem lunar de poeira e rocha no platô tibetano, um lugar tão seco que a neve evapora antes de atingir o solo, encontrando apenas um lugar para descansar nas escarpas rochosas e geleiras do norte que cobrem as montanhas Kunlun. Um abutre ocasional do Himalaia, com uma envergadura superior a 20 metros, pode ser visto voando no céu azul. No nível do solo, trabalhadores de uma enorme fazenda de energia solar recentemente construída aqui dizem que às vezes avistam lobos tibetanos espiando entre as centenas de painéis solares que marcham linha após linha em direção às montanhas ao sul.

Esta nova fazenda solar de 500 megawatts e 1.900 acres, conhecida como Projeto Fotovoltaico Frontrunner, foi desenvolvida em conjunto por duas empresas de energia chinesas, Sungrow Power Supply Co. e China Three Gorges New Energy. Graças à eletricidade gerada pela instalação, apenas uma das 10 usinas a carvão da província precisou estar em operação neste verão. E durante 15 dias em junho, a província rural de 6 milhões de pessoas derivou 100% de sua eletricidade a partir de energia renovável. Enquanto metade disso era de energia hidrelétrica, o restante veio dos projetos eólicos e solares que vêm se expandindo em Qinghai nos últimos anos. Até o final do ano passado, a província estava gerando mais de três quartos de sua eletricidade a partir de energia renovável.

Quando aprovado no ano passado, o projeto Frontrunner não apenas tinha o menor preço de oferta registrado por quilowatt-hora para um projeto solar fotovoltaico na história de energias renováveis ​​da China - menor que o preço da energia a carvão em Qinghai. Mas a instalação maciça também se tornou o primeiro projeto solar em larga escala da China desenvolvido sem subsídios do governo. E em um exemplo impressionante de como a mistura de comando e economia capitalista da China muitas vezes pode trabalhar com velocidade e eficiência notáveis, o projeto Frontrunner foi construído em apenas três meses, com aprovação em setembro de 2018 e a primeira energia solar gerada em 29 de dezembro.

Prevê-se que as instalações solares caiam cerca de metade deste ano, de um pico de 53 gigawatts em 2017.

Se o projeto Frontrunner é um bom presságio para o futuro das energias renováveis ​​na China, também ilumina obstáculos importantes que recentemente desaceleraram a transição de energia verde do país e levaram a um aumento nas emissões de CO2 depois de vários anos em que as emissões atingiram o pico. Embora as principais instalações de energia solar e eólica nas províncias mais distantes da China possam produzir grandes quantidades de energia renovável, a falta de infraestrutura de transmissão de alta tensão significa que uma porcentagem considerável dessa energia verde ainda não é utilizada.
Além disso, como os preços das energias renováveis ​​caíram e o governo central ficou cada vez mais preocupado com o impacto da guerra comercial EUA-China na economia da China, os subsídios renováveis ​​estão sendo eliminados. As instalações eólicas e solares devem agora competir diretamente em leilão com outras formas de geração de energia. O setor de energia verde da China parece cada vez mais capaz de vencer essa competição, mas espera-se que as instalações de energia solar caiam cerca de metade este ano, de um pico de 53 gigawatts em 2017.
E, ao mesmo tempo em que reduziu os subsídios à energia eólica e solar, o governo central aumentou consideravelmente o apoio financeiro ao que chama de extração de "nova energia", que inclui fracking de gás de xisto e separação de metano do carvão. Esses subsídios são uma razão importante por trás das crescentes emissões de CO2 da China.
Centenas de turbinas eólicas na província de Xinjiang, no noroeste da China, em julho de 2016. PATRICK BAZ / AFP / GETTY IMAGES
O que acontece com a transição da energia verde da China tem um significado mais amplo na luta climática global, dado que o país é o maior emissor mundial de gases de efeito estufa. Com a desaceleração do crescimento de energia renovável e o uso de combustíveis fósseis, os analistas temem que as emissões da China não atinjam o nível até 2030, meta estabelecida no Acordo Climático de Paris, que seria um revés significativo para os esforços para desacelerar o aquecimento global. Os proponentes de energia renovável agora procuram evitar uma desaceleração contínua no setor de energia alternativa da China e desencadear novo crescimento de energia verde.
"Embora a China seja o maior mercado de energia limpa do mundo, a energia eólica e solar representou apenas 5,2% e 2,5% da geração nacional de energia da China em 2018", diz Kevin Tu, ex-gerente de programa da China na Agência Internacional de Energia e agora um colega com o Center on Global Energy Policy da Columbia University. "No contexto de uma guerra comercial EUA-China em andamento e uma desaceleração da economia chinesa, é improvável que a prioridade política das mudanças climáticas na China se torne muito alta no futuro próximo, indicando grandes dificuldades para Pequim melhorar ainda mais suas ambições climáticas."
Uma questão importante, segundo Tu e outros especialistas, é o nível de "redução", ou energia que é gerada, mas não comprada, porque não pode ser absorvida pela rede elétrica. O grau de redução tem caído - de 17% em 2016 para 7% no ano passado -, mas Tu diz que ainda é muito alto. As altas taxas de redução solar nas províncias de Gansu e Xinjiang, bem como no Tibete, levaram a Agência Nacional de Energia da China a interromper as aprovações para novos projetos solares nessas regiões para 2019.
"Os cortes de energia eólica e solar têm sido um desafio político crônico na China nos últimos anos, indicando uma necessidade urgente de reforma adicional no setor de energia", diz Tu.
Até o final de 2018, a província de Qinghai gerava mais de três quartos de sua eletricidade a partir de energia renovável. YALE ENVIRONMENT 360


As pessoas de Golmud, com 200.000 habitantes, têm muito orgulho da instalação de energia solar Frontunner. Os trabalhadores de Golmud têm uma história de construção de grandes projetos, incluindo a rodovia Qinghai-Tibet, que foi construída na década de 1950 e é comemorada em um parque em Golmud. Mais recentemente, os trabalhadores de Golmud participaram da construção da ferrovia mais alta do mundo, uma seção de 1100 quilômetros que corre ao sul da cidade até Lhasa, no Tibete. A linha, que atravessa o Tangula Pass a 16.640 pés, foi inaugurada em 2006.


Assim como seus irmãos que construíram esses projetos anteriores, os funcionários do projeto Frontunner tiveram que lidar com frequentes tempestades de poeira, doenças de altitude e mudanças climáticas de frio extremo a sol escaldante. "Estou muito empolgado porque conseguimos construir um projeto tão grande no deserto a uma altitude como esta", diz Xu Rugang, gerente de projetos do departamento de engenharia da Sungrow, enquanto observa uma vasta gama de painéis fotovoltaicos brilhando ao sol. "Imagine as dificuldades que nossos funcionários enfrentaram para fazer isso acontecer."

Para reduzir as emissões de CO2 do país, os especialistas dizem que é crucial que a energia produzida em províncias como Qinghai seja transmitida sem problemas aos centros industriais e populacionais ao longo da costa da China. Muitos projetos renováveis ​​maiores estão localizados em províncias remotas, como Qinghai, Gansu e Mongólia Interior. Até que mais linhas de transmissão sejam construídas e reformas governamentais sejam aprovadas para permitir a transferência de energia para outras províncias, as “províncias de baterias” do extremo oeste como Qinghai acabarão gerando energia para si mesmas.


Após o platô de 2014 a 2016, as emissões de CO2 da China aumentaram nos últimos anos.

Tu diz que é necessário que o governo central elimine as barreiras do comércio de energia entre as províncias e, simultaneamente, dê prioridade às energias renováveis ​​na transferência e despacho de eletricidade.

Alvin Lin, especialista em energia e clima do Conselho de Defesa dos Recursos Naturais que trabalha na China há mais de uma década, diz que um elemento importante de curto prazo na batalha climática é sustentar o ímpeto da energia renovável da China para que o o pico de emissões de CO2 do país antes de 2030. Muitos especialistas argumentam cada vez mais que a data prevista para 2030 é insuficiente.

"Nós e outros gostaríamos de pressionar por um pico de carbono anterior por volta de 2025", diz Lin. "A China precisaria parar de construir novas usinas de carvão agora e reduzir rapidamente a capacidade e a geração de energia de carvão".

Caso as emissões da China não atinjam o pico até 2030 ou mais tarde, os especialistas dizem que o atraso pode contribuir para o aumento da temperatura global que chega a 3 ou 4 graus Celsius (5,4 a 7,2 graus Fahrenheit) - muito acima do objetivo internacional de 1,5 a 2 graus Celsius.



Após o platô de 2014 a 2016, as emissões de dióxido de carbono da China aumentaram nos últimos anos, com um aumento estimado de 4% no primeiro semestre de 2019. Enquanto o consumo e a produção de carvão atingiram o pico em 2013, ambos aumentaram novamente desde 2017 e estão lentamente voltando aos níveis de 2013.

A dependência do gás proveniente do fraturamento na bacia de Sichuan, bem como a extração de metano no leito de carvão e o aumento das importações de gás natural (a China é o segundo maior importador de gás natural do mundo), estão aumentando. Como a China considera gases não convencionais como gás de xisto e metano do leito de carvão como “nova energia”, eles são elegíveis para subsídios do Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação [MIIT]. Aproximadamente US $ 830 milhões - mais de 80% de um novo fundo de energia do MIIT - foram destinados a subsidiar esses projetos em 2018, de acordo com um relatório recente da China Energy News, estatal .

Enquanto continua a financiar gás não convencional, a China parou de fornecer subsídios em nível nacional a projetos eólicos e solares e está implementando reformas em seu sistema de tarifa de alimentação, passando a substituí-lo por leilões nos quais a energia eólica e solar deve competir diretamente com combustíveis fósseis.

Alguns dizem que pensam que a China pode instalar até 100 gigawatts de energia solar anualmente, se as energias renováveis ​​tiverem maior prioridade. 


Esse processo começou a diminuir a capacidade agregada geral de energia eólica e solar. Enquanto as novas instalações fotovoltaicas solares atingiram a máxima histórica de 53 gigawatts [GW] em 2017, elas caíram para cerca de 41 GW no ano passado e os números atuais colocam as instalações solares em pouco mais de 11 GW no primeiro semestre de 2019. As projeções são para cerca de 25 GW de energia solar a serem instalados este ano e nos anos seguintes até 2025 , uma quantidade que não reduziria drasticamente o uso de combustíveis fósseis.

Outro problema é que os projetos de energia renovável enfrentam restrições de uso da terra que protegem terras agrícolas, industriais e urbanas em províncias como Guangdong, no sul da China, a potência econômica do país, diz Jonathan Luan Dong, analista de energias renováveis ​​da Bloomberg New Energy Finance. Enquanto vários projetos de energia renovável não subsidiados estavam programados para começar em Guangdong em 2019, poucos realmente parecem estar avançando.

Quando tentei visitar projetos de energia renovável que estavam em andamento, escritórios e empresas governamentais nas cidades de Jiangmen, Meizhou e Zhanjiang, em Guangdong, recusaram meus pedidos porque os projetos não haviam começado.


O projeto fotovoltaico Frontrunner, de 500 mil megawatts e 500 acres, localizado nos arredores de Golmud, província de Qinghai. CORTESIA DE ZHONG YUNFAN


Alguns analistas de energia renovável dizem que a China pode instalar até 100 gigawatts de energia solar anualmente - quatro vezes o nível atual - se as energias renováveis, incluindo iniciativas de energia solar fotovoltaica residencial, receberem maior prioridade. Até agora, a China estabeleceu uma cota modesta de 3 GW em 2019 para energia solar residencial, o que disponibilizaria subsídios para cerca de 600.000 famílias para instalar painéis solares.

“Estimular ... projetos de energia distribuída nas províncias costeiras é outra maneira de impulsionar as energias renováveis ​​na China e contornar as barreiras existentes”, diz Tu.

Sungrow e Three Gorges recentemente venceram uma licitação para uma nova fazenda solar de 100 megawatts nos desertos da Mongólia Interior, superando seu próprio preço recorde de oferta para o projeto Frontrunner. Questionado sobre a quantidade de energia solar que pode se expandir nas regiões desérticas da China, Xu Rugang, da Sungrow, diz que, no final, será direcionada a planejadores do governo. O espaço está disponível, ele diz. O preço é justo. Os custos ambientais da energia a carvão são bem conhecidos.

" Depende da meta que o país estabelece", disse Xu. "É claro que [se for maior], podemos fazer pleno uso da terra aqui".

Zhong Yunfan forneceu assistência adicional para relatórios e pesquisas.


Michael Standaert é um jornalista freelancer baseado no sul da China, cobrindo principalmente políticas de meio ambiente, energia e mudanças climáticas para a Bloomberg Environment e contribuindo para outras publicações, mais recentemente, incluindo The Guardian, Al Jazeera e MIT Technology Review . Ele reside na China desde 2007.