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segunda-feira, 6 de agosto de 2018

O castigo virou riqueza em forma de energia


Fonte:especiais.jconline.ne10.uol.com.br/nordesterenovavel/panorama.php

Região nordeste brasileiro  detém 90% dos novos investimentos em energias renováveis




Pelos agrestes e sertões, um queimava a terra já seca, o outro arrastava o que houvesse sobre ela. Abrandamento só no litoral, onde garantiam brisa e pele dourada. Sol e vento no Nordeste costumavam remeter, paradoxalmente, a castigo ou diversão. Hoje são também riqueza. O que a natureza deu em abundância à região serve de combustível limpo para gerar eletricidade. Ao longo da última década, as mais diferentes paisagens nordestinas foram adornadas por sequências de torres eólicas: 79,5% de todas as que existem no País. Até as modernas placas fotovoltaicas, que convertem a luz do sol em energia, antes de custo elevado, começam a se espalhar pela caatinga. O que foi parte do motivo da pobreza da região agora é seu mais novo tesouro.
O desabrochar desse potencial aconteceu justamente enquanto todo o Brasil começou a sofrer com a escassez do que sempre faltou ao Nordeste: água. A irregularidade das chuvas pelo País afetou até um dos maiores complexos de reservatórios do mundo, o Sistema Cantareira – responsável por abastecer a cidade de São Paulo. Seu nível chegou a ficar 20% abaixo do volume útil em janeiro de 2015, de acordo com a Agência Nacional de Águas (ANA). Com a matriz energética brasileira 60% baseada na produção hidrelétrica, a falta de água se tornou um problema também para a geração de energia de Norte a Sul.
Menos água no Brasil e ainda menos no Nordeste. A escassez ficou evidente quando afetou até o Velho Chico – responsável por transformar em oásis alguns trechos do Sertão. Principal reservatório da bacia do São Francisco, Sobradinho (BA) chegou a ter apenas 5% de sua capacidade em 2015. E é lá onde está armazenada a água que gera 70% da energia hidrelétrica produzida no Nordeste. “Não temos água suficiente nos reservatórios, e até as térmicas são projetadas para funcionar em situações eventuais. Então, se não fossem as eólicas, o Nordeste estaria sem energia, com perdas enormes para a economia local”, afirma o vice-presidente da World Wind Energy Association (WWEA) e presidente da Eólica Tecnologia, Everaldo Feitosa.
Os ganhos para a economia nordestina foram enormes com a instalação dos parques movidos a vento. De acordo com a Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), desde o primeiro leilão que contemplou essa fonte (2009) até 2017, foram investidos no País R$ 100 bilhões, dos quais R$ 80 bilhões (80%) ficaram no Nordeste. Essa concentração se deve às características naturais nordestinas, como relevo, clima e latitude, que tornam a região um dos locais com maior potencial eólico do mundo. “Não temos ventos muito velozes só no Litoral – que foi inicialmente explorado –, mas também ventos constantes no interior, uma característica muito importante para a produção eólica. E ainda temos diversas áreas com potencial a ser descoberto”, garante o professor do Centro de Energias Renováveis (CER) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Pedro Rosas.

Distribuição dos investimentos pelo Nordeste

Clique no mapa para saber onde estão os parques eólicos e solares de cada Estado: