Brasil contrata energia eólica e solar a preço mais baixo que hídrica pela 1ª vez
Fonte:https://br.reuters.com/article/businessNews/idBRKBN1EE1ZM-OBRBS
Por Luciano Costa - 20/12/2017
SÃO PAULO (Reuters) - O Brasil
fechou nesta semana a contratação de novas usinas de energia eólica e de
geração solar a preços menores que os de hidrelétricas, que são
tradicionalmente o carro-chefe e a mais barata fonte de produção de
eletricidade no país.
Os leilões de segunda e
quarta-feira para contratação de energia registraram fortes deságios ante os
preços teto estabelecidos pelo governo, em meio a uma acirrada disputa dos
investidores interessados em construir os empreendimentos, que deverão ser entregues
entre 2021 e 2023.
Os resultados mostraram a sede de
investidores como Enel Green Power, AES Tietê e EDP Renováveis em vender
energia renovável nos primeiros leilões para projetos eólicos e solares desde
2015, após o governo cancelar licitações no ano passado devido à falta de demanda
por eletricidade em meio à crise financeira do país.
“Tivemos quase dois anos sem
leilão, então isso faz com que os fornecedores... mergulhem o preço, e isso
ajuda a explicar o preço baixo. Mas ainda assim, se você me perguntasse duas
semanas atrás, eu não esperaria que rompessem patamares tão baixos”, disse à
Reuters o diretor da consultoria Excelência Energética, Erik Rego.
“A conjuntura
favoreceu, a taxa de juros está caindo, isso acaba interferindo no resultado”,
acrescentou o consultor.
No leilão A-6 desta quarta-feira, os
projetos eólicos chegaram a negociar a venda da produção futura por um preço
médio de cerca de 98 reais por megawatt-hora, contra uma mínima recorde
anterior, em licitação de 2012, de quase 119 reais atualizado pela inflação.
Na contratação
da segunda-feira, o chamado leilão A-4, as usinas solares praticaram preços
médios de cerca de 145 reais, contra uma mínima de 245 reais de um pregão de
2014.
Enquanto isso, as hidrelétricas tiveram preço médio de cerca de 219
reais nesta quarta-feira, contra valores médios entre 218 e 213 reais de usinas
termelétricas a biomassa e gás natural
DISPUTA ACIRRADA
O resultado histórico para as
renováveis, com forte deságio frente aos preços teto estabelecidos para os
leilões, foi fruto de enorme disputa entre investidores para fechar os
contratos de longo prazo para entrega de energia às distribuidoras.
Por parte dos investidores,
destacaram-se estrangeiros, como os italianos da Enel Green Power, com projetos
eólicos e solares e presença nos dois certames, a AES Tietê, da norte-americana
AES Corp, que viabilizou usinas solares, além da EDP Renováveis, da portuguesa
EDP, e da francesa Voltalia, que também viabilizaram empreendimentos.
Juntos, os dois leilões realizados
nesta semana acrescentarão cerca de 4,5 gigawatts em capacidade à matriz
brasileira, sendo 674,5 megawatts para entrega em 2021 e 3,8 gigawatts para
conclusão em 2023.
Os empreendimentos contratados
deverão somar mais de 18 bilhões de reais em investimentos para serem
implementados, com a maior parte, ou quase 14 bilhões de reais, associada aos
empreendimentos com entrega para 2023.
Os resultados comprovaram
expectativas do mercado, de uma licitação mais movimentada para os
empreendimentos com maior prazo de conclusão, devido à perspectiva de gradual
recuperação da economia brasileira após a recessão enfrentada em 2015 e 2016.