O livro “Energia Renovável no Brasil” apresenta as principais fontes de energia renovável que possuem grande potencial de participação na matriz elétrica brasileira: Energia Hidrelétrica, Solar, Eólica e Biomassa. Estabelecendo um panorama nacional e internacional, o livro realiza uma análise sobre as tecnologias e desafios relacionados ao aproveitamento de cada uma dessas fontes. Os leitores poderão aumentar sua percepção sobre os principais impactos ambientais, econômicos e sociais envolvidos na exploração dessas energias; conhecer o funcionamento, os fundamentos do dimensionamento e os principais componentes de cada sistema; se familiarizar com os incentivos governamentais e legislação pertinente; e conhecer o grande potencial que o Brasil possui com relação ao aproveitamento de suas fontes de energia renovável.
terça-feira, 28 de novembro de 2017
França planeja encerrar as vendas de carros a gás e diesel até 2040
O carro elétrico da Nissan, o Leaf, foi exibido ao lado de um carrinho de carga no North American International Auto Show em Detroit em 2016. França, Índia e Noruega começaram a abraçar veículos elétricos sobre aqueles que funcionam com gasolina e diesel.
CréditoMark Blinch / Reuters
A França está se juntando a um
movimento crescente para forçar a extinção de veículos que funcionam com
combustíveis fósseis, dizendo na quinta-feira que pretende acabar com a venda
de carros a gasolina e diesel até 2040.
O alvo é menos ambicioso do que os
estabelecidos por países como a Noruega e a Índia . Ainda assim, proveniente de
um importante país produtor de automóveis, a declaração da França deu um
impulso adicional aos esforços para combater as mudanças climáticas e a
poluição atmosférica urbana promovendo o uso de carros elétricos .
O momento do anúncio também foi
significativo, um dia depois que a montadora Volvo disse que eliminaria o motor
de combustão interna e durante uma visita à Europa pelo presidente Trump. O
anúncio de Nicolas Hulot, ministro francês do meio ambiente, era uma expressão
da determinação dos líderes europeus de prosseguir uma agenda ambiental, apesar
do repúdio do Sr. Trump ao acordo de Paris sobre mudanças climáticas.
"É um objetivo muito difícil",
disse o Sr. Hulot nesta quinta-feira . "Mas as soluções estão lá".
O plano para eliminar os carros a
gasolina e diesel faz parte de um esforço mais amplo da França para limitar o
aquecimento global, o qual o Sr. Hulot esboçou nesta quinta-feira. O país
também parará de emitir novas licenças de exploração de petróleo e gás este ano
e parar de usar carvão para produzir eletricidade até 2022, disse ele.
A declaração do Sr. Hulot foi o
último sinal de que o reinado de um século do motor de combustão interna pode
estar chegando lentamente ao fim.
Na quarta-feira, a Volvo disse que
todos os seus novos modelos a partir de 2019 seriam carros ou híbridos com
bateria, que combinavam motores elétricos com motores diesel ou a gasolina.
A empresa, com sede na Suécia,
disse que não introduzirá novos projetos alimentados unicamente por motores
convencionais de combustão interna - o primeiro para um grande fabricante de
automóveis. O Sr. Hulot referiu-se ao anúncio da Volvo durante suas declarações
em Paris na quinta-feira.
Não houve reação imediata à
declaração do governo dos dois principais fabricantes de automóveis da França,
a Renault e ao Grupo PSA, que faz carros Peugeot e Citroën.
A Renault começou a vender carros
com bateria no ano de 2011, e foi uma das principais fabricantes de automóveis
a fazer isso.
Enquanto os carros elétricos ainda
representam uma faixa do mercado, as vendas cresceram rapidamente. A Renault
vendeu 17 mil carros compactos Zoe com bateria nos primeiros seis meses de
2017, quase todos quantos em 2016.
A França enfrentou algumas
críticas de que seu plano não era suficientemente ambicioso. A Noruega planeja
vender apenas carros elétricos a partir de 2025, e a Índia planeja fazê-lo em
2030.
Uma vez que os carros costumam
durar cerca de 15 anos, o objetivo da França significa que os carros a gasolina
e diesel estarão na estrada até 2055. Isso é muito longo para atender aos
objetivos de mudança climática da França, disse Greg Archer, diretor de
veículos limpos da Transport & Environment, um grupo de advocacia em
Bruxelas.
Mas o Sr. Archer acrescentou que o
movimento da França "é absolutamente a direção certa a ser tomada".
Essa expressão de resolução do
governo pode levar as empresas a dedicar mais recursos ao desenvolvimento de
veículos elétricos e incentivar os investidores a colocarem dinheiro em
empreendimentos de transporte limpo. O movimento da França também poderia
exercer pressão sobre a Alemanha e outros países europeus para promover
veículos elétricos.
O Sr. Archer disse, no entanto,
que era essencial que a França acompanhasse com incentivos e regulamentos que
incentivavam o uso de carros elétricos. O Sr. Hulot não deu detalhes sobre como
o governo planejava cumprir seu objetivo.
O governo alemão originalmente
planejava colocar um milhão de veículos elétricos nas estradas do país até
2020, mas admitiu que ficará aquém desse objetivo. O governo demorou a oferecer
incentivos financeiros e a construir estações públicas de cobrança.
"É ótimo ter uma visão",
disse Archer. "Nós temos que agora ver as políticas implementadas para
cumprir essa visão".
segunda-feira, 27 de novembro de 2017
Projeto de engenheiro da Poli deixa usinas eólicas mais silenciosas
Ferramenta foi incorporada a software livre e testada com sucesso na própria Poli em projeto de aerofólios para turbinas
Apesar dos 9.9 gigawatts produzidos pelos parques eólicos anualmente – equivalentes à produção da Usina Hidrelétrica de Itaipu, a poluição sonora é um dos problemas que permanecem atingindo essa matriz energética – Foto: Reprodução
Um dos problemas da energia eólica, talvez o principal, é o ruído aerodinâmico gerado, incomodando moradores das regiões próximas aos parques eólicos. Joseph Youssif Saab Junior, doutor em Engenharia Mecânica (Energia e Fluidos) pela Escola Politécnica (Poli) da USP, desenvolveu um método para reduzir o barulho proveniente das pás. O trabalho resultou num sistema, incorporado a um software livre, que prevê o ruído da turbina enquanto ela ainda é desenhada. A ferramenta já foi aplicada na própria Poli, possibilitando que se projetassem aerofólios para as turbinas bem mais silenciosos que os existentes.
Segundo Saab Junior, o problema com o ruído é algo recente. Com o avanço tecnológico, o aumento da velocidade de giro das pás e o crescimento do diâmetro do equipamento, estimado na ordem de 100 metros são responsáveis por ocasionar um barulho semelhante ao de um avião. Os parques eólicos trabalham 24 horas por dia, sete dias por semana, e, no Brasil, estão localizados na costa leste, onde se concentram 85% da população.
“Para capturar a energia do vento, são necessários área, tamanho e diâmetro. Na medida em que se busca aumentar a captação de ventos e reduzir o custo da energia, cria-se o efeito colateral do barulho, consideravelmente incômodo”, comenta Saab Junior. “No Brasil, de forma semelhante à Europa e diversa dos Estados Unidos, os parques eólicos encontram-se em áreas densamente povoadas. Meu objetivo foi ajudar fabricantes e pesquisadores a avaliarem o ruído da turbina quando ela está em produção, assim, a população conseguirá viver harmonicamente com esse equipamento, mesmo estando em ‘seu quintal’”.
Velocidade e dimensão das turbinas eólicas mais modernas são apontadas entre as causas do ruído excessivo. Atualmente, diâmetro das turbinas chega à ordem dos 100 metros – Foto: Reprodução
O trabalho foi desenvolvido ao longo de quatro anos. No início, elaborou-se uma ferramenta técnica responsável por fazer a previsão do ruído da turbina. Após sua finalização, a questão era como fazer este instrumento chegar aos interessados. A resposta obtida foi a incorporação a um código open source (aberto) — um software livre da Universidade Técnica de Berlim (TU Berlin). Ao entrar em contato com os alemães, Saad Junior descobriu que havia programas ligados à parte de estruturas e desempenhos, mas nada correspondente à acústica. Firmou-se então uma a parceria com a Poli, responsável por complementar o estudo europeu e disponibilizar a pesquisa nacional ao mundo. O QBlade — como é denominado o software — já conta com mais de 17 mil downloads.
Mas os estudos foram adiante, não parando na avaliação. Para exibir a flexibilidade, capacidade, e toda modelagem matemática desenvolvida no software, criaram-se três turbinas eólicas — Poli 100, Poli 180 e Poli 220, nome dado em função dos respectivos diâmetros.
Ampliando horizontes acadêmicos
Com base no equipamento, modelagem matemática, geométrica, cálculos de engenharia e simulações em software, foram projetados aerofólios às turbinas bem mais silenciosos em comparação aos que existem nos dias atuais. Os projetos continuam ainda no papel, em forma de cálculos e desenhos, aguardando a solicitação de patenteamento feito pela Agência USP de Inovação.
O diferencial do projeto está na grande abertura e transparência do que foi produzido, comenta o engenheiro. “Normalmente, os fabricantes não disponibilizam essa geometria das turbinas eólicas, logo, muitos detalhes importantes para o estudo não são revelados, causando prejuízos à área da pesquisa. Acreditamos que durante nossa tese fomos responsáveis por deixar uma série de contribuições importantes ao Brasil e aos estudantes.”
Para autor da pesquisa, Brasil deve começar a investir mais na exportação de tecnologia. Foto: Reprodução
Dando sequência ao trabalho, Saad Junior e o Professor Marcos Pimenta criaram um grupo chamado Poli Wind. Já contando com um aluno de doutoramento e uma aluna de mestrado, o objetivo da iniciativa é seguir os passos deixados como melhoria para o trabalho, assim como estreitar laços e avançar na parceria com a TU Berlin.
Sobre a vitória na premiação, o pesquisador comenta sobre sua motivação para desenvolvimento do projeto: o desejo do Brasil se tornar um país produtor de tecnologia, e não apenas importador.
“Atualmente, somos exportadores de commodities como trigo, soja, minério de ferro, carne e produtos agriculturais em geral. Por outro lado, importamos manufaturados em grande escala. O valor da exportação de uma tonelada de minério de ferro gira em torno de 75 dólares, enquanto que, para exportar uma tonelada de tecnologia – por exemplo, um avião feito pela Embraer – o valor estimado é de US$ 1 milhão”, explica Saad Junior. “O Brasil precisa parar de ser apenas um fabricante e começar a produzir seus próprios equipamentos, como, por exemplo, suas próprias turbinas eólicas para exportação. Em minha opinião, nossa contribuição foi efetiva também neste aspecto, dando uma ferramenta a mais para o projetista elaborar propostas aqui mesmo no Brasil.”
A pesquisa Trailing-edge noise: development and application of a noise prediction tool for the assessment and design of wind turbine airfoils teve orientação do professor Marcos de Mattos Pimenta, e foi vencedora do Prêmio Tese Destaque USP 2017, na grande área das Engenharias.
quarta-feira, 22 de novembro de 2017
20 países planejam abandonar o uso do carvão até 2030
Fonte: http://www.udop.com.br
De acordo com o Fundo de Defesa Ambiental nos EUA, as usinas de energia movidas a carvão são a principal fonte de poluição do ar. Os ambientalistas também afirmam que a queima de carvão contribui para a chuva ácida e libera grandes quantidades de dióxido de carbono, contribuindo para o aquecimento global.
Uma das principais fontes de energia no mundo, o carvão pode deixar de alimentar os fornos de usinas de 20 países até 2030. Trata-se do compromisso firmado pela Aliança para o Abandono do Carvão, anunciada ontem, durante a Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (COP 23). Canadá e Reino Unido encabeçam a iniciativa, que conta com o apoio de Bélgica, Dinamarca, Holanda, Etiópia, El Salvador, Finlândia, França, Itália, Ilhas Marshall, Portugal e México, entre outras nações.
Curiosamente, estados americanos, como Havaí, Califórnia, Nova York, Oregon e Washington, fazem parte do grupo. O presidente Donald Trump alega que medidas de incentivo a fontes alternativas de energia e de redução da emissão de gases do efeito estufa prejudicam os interesses energéticos de seu país. Por esse motivo, retirou os Estados Unidos do Acordo de Paris, cujo livro de regras, com informações sobre como cada país cumprirá o pacto, por exemplo, está sendo discutido nesta edição da conferência.
Líder climático mundial, Mohamed Adow avalia que a iniciativa é um grande recado ao presidente norte-americano. "É uma refutação a Donald Trump vinda do Reino Unido e do Canadá, dois dos aliados mais próximos dos Estados Unidos, para mostrar que sua obsessão por energia suja não se disseminará", disse. Outros grandes usuários do material fóssil — China, Alemanha e Rússia — não se filiaram à aliança. Mas a expectativa do grupo é de que eles cheguem a 50 membros até a próxima conferência climática da ONU, que será realizada em 2018, na cidade polonesa de Katowice, uma das mais poluídas da Europa.
A aliança foi anunciada pouco depois de dois eventos emblemáticos sobre o uso do carvão na COP 23. Na última terça-feira, o governo dos Estados Unidos e representantes de empresas de energia realizaram um evento, paralelo à conferência, a fim de promover os "combustíveis fósseis e a energia nuclear na mitigação climática". Manifestantes contrários à iniciativa invadiram o local e comprometeram a realização das palestras por ao menos uma hora.
Ontem, ao abrir as negociações ministeriais da conferência, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, advertiu que não será possível para o planeta manter um futuro baseado em combustíveis de origem fóssil. "Temos que parar de apostar em um futuro insustentável, que coloca em risco nossas economias e sociedades (%6) Em 2016, foram investidos US$ 825 bilhões em combustíveis de origem fóssil e setores de alta emissão de gases do efeito estufa, mas essas emissões são as que provocaram efeitos catastróficos no planeta", justificou.
Anfitriã da COP 23, a Alemanha admite que o abandono do carvão não é fácil para o país, que obtém 40% de sua eletricidade por meio dessa fonte de energia. "Há grandes conflitos em nossa sociedade, e temos que resolvê-los de forma razoável. É por isso que as discussões são duras", justificou a chanceler Angela Merkel. O Brasil não se pronunciou oficialmente sobre a Aliança para o Abandono do Carvão. No país, o material é responsável por 3,61% da matriz energética, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). No mundo, de acordo com a Agência Internacional de Energia, 40% da produção de energia do vêm do carvão mineral, cuja queima emite quase um terço do gás carbônico na atmosfera.
terça-feira, 21 de novembro de 2017
As empresas devem evoluir junto com a política climática global
Fonte:https://www.greenbiz.com
Por: David Wei - Dirige o trabalho de política climática da BSR com parceiros da We Mean Business Coalition, e através da pesquisa sobre a interface entre empresas e governo para a iniciativa "Negócios em clima com restrições ao mundo".
Os delegados reuniram-se na semana passada em Bonn, na Alemanha, para discutir o progresso no histórico Acordo de Paris sobre as mudanças climáticas, um roteiro valioso para a criação de economia com baixas emissões de carbono. A maioria eram funcionários do governo, mas as empresas também participaram, muitas delas para destacar suas estratégias para manter a frente da regulamentação, tomando medidas sobre o clima. É fundamental que os governos e as empresas colaborem de perto se os objetivos do Acordo de Paris forem alcançados.
As contribuições nacionalmente determinadas (NDCs) - os planos de ação climática que os países individuais articularam para realizar a visão de Paris - estão sendo implementados em escala, transformando o cenário regulatório em que as empresas operam, setor por setor. De acordo com um estudo recente da London School of Economics, até 47 novas leis climáticasforam ratificadas em todo o mundo desde que o Acordo de Paris foi adotado. Às vezes, é difícil, no entanto, que as organizações globais acompanhem cada política em cada jurisdição.
As empresas que preparem efetivamente essas novas políticas e oportunidades de investimento sustentável estarão em melhor posição para aproveitar os benefícios da transição. Estes incluem inovação, gerenciamento de riscos, competitividade e crescimento - oportunidades que, como Morgan Stanley observou em uma postagem de blog recente , podem ascender a US $ 10 trilhões por ano até 2050.
Informações precisas e atualizadas sobre a política climática podem ajudar a informar a estratégia corporativa e as decisões de investimento. Além disso, essa informação pode ajudar a demonstrar a necessidade de ações de clima corporativo para as principais partes interessadas, incluindo investidores, membros do conselho e funcionários.
As empresas voltadas para o futuro já estão respondendo aos desafios que as mudanças climáticas apresentam com planos cada vez mais ambiciosos para reduzir suas emissões de gases de efeito estufa em suas cadeias de valor. Até à data, mais de 620 empresas se comprometeram com a ação climática através da campanha We Mean Business Take Action , incluindo cerca de 130 empresas industriais, mais de 40 empresas de serviços públicos e três das maiores empresas de bens de consumo do mundo : Nestlé; Procter & Gamble; e Unilever.
Juntas, essas empresas se comprometeram a cortar cerca de 2,31 gigatões de Escopo 1 e 2 emissões de gases de efeito estufa - uma redução que seria equivalente às emissões anuais totais da Rússia.
Não só as empresas respondem à ameaça das mudanças climáticas, os responsáveis políticos estão trabalhando ativamente para abordar a questão através de novas leis que, por exemplo, eliminariam os veículos movidos a combustíveis fósseis . Apenas no mês passado, a GM anunciou planos para lançar 20 novos veículos elétricos até 2023, o que alinha com os novos regulamentos para promover uma mudança para veículos elétricos em países como Índia e Reino Unido
Para os negócios , saber qual política é relevante é um processo potencialmente complexo. Mas se as empresas rapidamente podem identificar regulamentos relevantes para suas operações e cadeias de suprimentos e reconhecer diferenças críticas entre geografias e setores, eles podem fator-las em suas estratégias de baixo carbono.
O Climate Policy Tracker , uma ferramenta on-line liderada pelo parceiro BSD da We Mean Business , foi desenvolvido para fornecer informações atualizadas sobre a paisagem da regulação climática. O rastreador inclui 120 políticas de nove geografias: China; os Estados Unidos; EU; Índia; Japão; Coreia do Sul; Brasil; África do Sul; e no Reino Unido Avançando, mais países serão adicionados à ferramenta, assim como informações sobre políticas em cidades, estados e regiões.
A crescente ação das empresas para combater as mudanças climáticas está dando aos governos uma maior confiança para aumentar seus próprios compromissos, apoiando seus esforços para implementar plenamente o Acordo de Paris com intervenções políticas específicas.
À medida que a escala e a ambição das políticas climáticas aumentam, as empresas voltadaspara o futuro podem usar o Climate Policy Tracker para se manter à frente da curva. Ao abraçar e atuar sobre a política climática desta forma, as empresas estão demonstrando suas habilidades para a prova do futuro de suas operações e seu apoio ativo para a visão do Acordo de Paris.
sexta-feira, 17 de novembro de 2017
Tecnologia previne fraudes e interrupções na energia elétrica
Economia, segurança e sustentabilidade são pilares das redes inteligentes de energia estudadas nos laboratórios da USP
Na Escola de Engenharia de São Carlos (EESC), diversas pesquisas são desenvolvidas em Smart Grids, que propõe tecnologias para integrar processos de geração, transmissão e distribuição de energia de forma sustentável – Foto: Marcos Santos/USP Imagens
Evitar a interrupção da energia depois de eventos como uma tempestade, por exemplo, e que muitas vezes demora a voltar, é uma das vertentes dos estudos em Smart Grids. Na Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP, diversas são as pesquisas realizadas nesta área, que propõe o uso da tecnologia para integrar os processos de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica de forma sustentável.
“Hoje tudo é feito de forma manual e as redes de energia não são monitoradas. É por isso que as empresas que gerenciam a distribuição só tomam ciência de um problema quando os moradores do local prejudicado registram reclamações”, explica Eduardo Asada, professor do Departamento de Engenharia Elétrica e de Computação (SEL) da EESC. Quando a equipe de manutenção chega ao local, é necessário identificar o problema e isolar a área. No caso de um poste precisar ser trocado, o corte de energia elétrica na região pode durar dias.
Além de Asada e do professor Denis Coury, chefe do SEL, compõem o mesmo grupo de pesquisa os docentes Mario Oleskovicz e José Carlos Vieira Junior. Métodos para melhorar a qualidade da energia elétrica, novas rotas e expansão de sua distribuição, ajustes em equipamentos para proteção contra curto circuitos, segurança na rede de energia e monitoramento estão entre os trabalhos que são desenvolvidos no Laboratório de Análise de Sistemas de Energia Elétrica e no Laboratório de Sistemas de Energia Elétrica.
Outro grande projeto dos pesquisadores é o desenvolvimento de baterias gigantes que podem ser instaladas em redes de distribuição de energia para alimentar casas ou até bairros. Essa é mais uma alternativa de migração para uma matriz energética limpa capaz de diminuir o uso de fontes reconhecidamente poluentes, tanto em ocasiões de pane no sistema, quanto em épocas do ano nas quais o consumo é maior. “Nosso objetivo é que as pessoas tenham mais autonomia, possibilitando que o fornecimento de energia esteja disponível 100% do tempo e de uma maneira sustentável”, finaliza Asada.
Os trabalhos na área também contam com a atuação de outros dois laboratórios no departamento: o Laboratório de Análise Computacional em Sistemas Elétricos de Potência e o Laboratório de Automação Inteligente de Processos e Sistemas.
Rotas alternativas
Mas como as Smart Grids, ou redes inteligentes de energia elétrica, podem ajudar a contornar a situação? Segundo o docente, o que está sendo proposto nos estudos é a criação de rotas alternativas que possam levar energia elétrica para as regiões afetadas enquanto os reparos são feitos. Com o uso de sensores na rede, seria possível detectar o problema, comunicar em tempo real à empresa responsável, isolar a área comprometida e habilitar o fornecimento por uma rede próxima, tudo de forma autônoma.
As pesquisas da área possuem um caráter multidisciplinar e demandam, por exemplo, conceitos de computação, telecomunicações, inteligência artificial e economia. Um dos desafios na dinâmica das Smart Grids é reunir um elevado número de informações para que as ações possam ser executadas: “A possibilidade de obter, interpretar e comunicar os dados de toda a rede de energia facilita seu processo de automação”, afirma Denis Coury.
O desconhecimento do perfil e das características da própria rede pelas empresas responsáveis é um dos principais problemas do atual modelo de distribuição de energia elétrica e um prato cheio para os golpistas que tentam burlar o sistema de medição nas casas. Eduardo Asada explica que, embora as companhias saibam o quanto está sendo enviado de energia pelas subestações que alimentam as cidades, elas não conseguem ter a certeza do quanto realmente chega na residência de cada cliente.
“Se não possuem sensores espalhados pela rede, medindo o quanto está passando por cada trecho, as fraudes se tornam muito mais fáceis”. Segundo o especialista, o prejuízo para as empresas pode ser grande, já que as pessoas possuem mais equipamentos eletrônicos hoje e o consumo é bem maior do que há algumas décadas.
Produza, gerencie e venda sua própria energia
Outro conceito atrelado às Smart Grids é o de casa inteligente, no qual a residência é capaz de produzir a própria energia. A ideia é fomentar a instalação de painéis fotovoltaicos (solares) nas casas para que a energia elétrica obtida seja armazenada em baterias e utilizada em momentos convenientes que gerem economia aos moradores.
“Nós vivemos em um sistema sazonal e, principalmente no final do ano, as termelétricas entram em funcionamento, o que encarece nossa conta mensal e prejudica o meio ambiente. Com um “estoque” de energia em casa, poderíamos suprir parte do que compraríamos das concessionárias e, além de sair mais barato, seria uma iniciativa sustentável”, afirma Coury. Outra opção para obtenção de uma energia “limpa” é um maior investimento em energia eólica que, segundo o pesquisador, já é responsável por 7% de toda a produção energética do Brasil
Caso a energia armazenada nas residências seja excessiva, os moradores terão a opção de vendê-la para as empresas possibilitando que outras pessoas a utilizem. Mas como monitorar a quantidade de energia em nossas casas? É aí que entram em cena os Smart Meters (medidores inteligentes), que são capazes de gerenciar o fluxo de energia das moradias, de modo a identificar o quanto está sendo consumido e fornecido. Com a ferramenta, qualquer pessoa conseguiria acompanhar seu consumo em tempo real pelo celular durante qualquer época do mês e planejar suas ações.
Outra vertente das Smart Grids que também impactará positivamente o meio ambiente contribuindo com a redução de poluentes é a preparação das cidades para o recebimento dos carros elétricos, que, segundo os especialistas, serão uma realidade inevitável. “Vamos precisar preparar os municípios para atender esses automóveis. Ao invés de um posto de gasolina, os motoristas vão procurar um lugar para recarregar a bateria de seus carros”, explica Coury.
Segundo Asada, a missão não é simples. “Diferente de uma casa, a demanda de um carro elétrico ainda é desconhecida. Dessa forma, como pensar em toda uma estrutura de rede elétrica sem saber como e onde esses veículos irão circular? Não depende apenas de conhecer os automóveis, mas também o comportamento das pessoas”, diz o especialista.
Alto potencial, pouco engajamento
De acordo com os professores, o Brasil sempre se destacou em pesquisas na área de energia renovável. Primeiro, por causa de sua grande extensão territorial, o que torna primordial a existência de mecanismos que entreguem energia para grandes distâncias, segundo, pela sua riqueza hidrográfica, que facilita o processo de geração de energia. Apesar de o Brasil possuir muitos cientistas tratando das Smart Grids, algumas barreiras impedem o avanço mais rápido de suas aplicações: “A área é muito conservadora e as empresas ainda possuem certa resistência do ponto de vista de inovação”, diz Coury.
Mais um fator que atrasa o desenvolvimento da área no Brasil é a falta de políticas públicas que incentivem os estudos nesse campo. Segundo o professor, seria essencial uma melhor infraestrutura e um maior investimento no setor e tudo isso passa, não só pelo Governo Federal, mas também pelas prefeituras na gestão das cidades. Nos Estados Unidos, um dos pioneiros na área, o cenário é o oposto e já podemos encontrar cidades que utilizam elementos das Smart Grids. A legislação norte-americana, inclusive, está avançada nesse aspecto e conta até com regulamentação para o uso da tecnologia.
Segundo Coury, além das questões governamentais que prejudicam o andamento das pesquisas, a desigualdade do Brasil também atrapalha: “Existem projetos inovadores, mas que não poderão atender a todas as regiões do país, pois, em determinadas localidades, a disponibilidade de energia elétrica é precária. Isso é falta de planejamento”, explica.
Apesar do cenário desfavorável, algumas concessionárias brasileiras já começaram a executar projetos-piloto. Como exemplo, podemos citar a instalação de medidores inteligentes e painéis fotovoltaicos em regiões de Campinas, além da introdução de pontos de recarga para carros elétricos no trecho que liga o município à capital paulista. Essas iniciativas servem de alento aos pesquisadores para que vislumbrem um cenário otimista para o futuro: “Quando se falava em Smart Grids há cinco anos, imaginávamos algo para o futuro e hoje não é mais assim, as coisas estão acontecendo. Os medidores inteligentes, por exemplo, já são praticamente uma realidade e não devem demorar para estar em nossas casas”, conclui Coury.
Smart Grids em Metáfora: Alguns cientistas utilizam a figura de linguagem para definir e ilustrar o conceito de Smart Grids como sendo “o encontro de Thomas Edison com Bill Gates”. Enquanto o inventor da lâmpada incandescente representa nosso antigo sistema elétrico de potência, o bilionário fundador da Microsoft retrata o que há de novo, no que diz respeito à informatização e à modernização desses sistemas.
Revolução dos carros elétricos agita maiores mercados de
metais
A revolução dos veículos elétricos, que deverá impulsionar setores como energia e infraestrutura, também está criando vencedores e perdedores nos maiores mercados de metais do mundo.
Algumas das maiores produtoras diversificadas de minérios, como a Glencore, argumentam que combustíveis fósseis como o carvão e o petróleo ainda cumprem um papel fundamental no atendimento às necessidades energéticas, mas estas empresas também serão as maiores beneficiadas da mudança para os carros elétricos, que exigirá mais cobalto, lítio, cobre, alumínio e níquel.
A perspectiva de transporte mais ecológico teve impulso neste ano, quando o Reino Unido se uniu à França e à Noruega ao decidir proibir as vendas de carros movidos a combustíveis fósseis dentro de algumas décadas. Ao mesmo tempo, a Volvo anunciou planos para abandonar o motor de combustão e a Tesla revelou o Model 3, seu produto mais recente e mais barato. As vendas desses veículos superarão as dos automóveis movidos a petróleo dentro de duas décadas, estima a Bloomberg New Energy Finance.
“Para alguns metais, é um grande divisor de águas”, disse Simona Gambarini, economista especializada em commodities da Capital Economics em Londres. “Já vimos um grande impacto em alguns metais, como o cobalto e o lítio, que subiram nos últimos anos.”
Os carros elétricos contêm cerca de três vezes mais cobre que um veículo normal, segundo a Glencore. Uma quantidade ainda maior é necessária para as estações de recarga e a Exane BNP Paribas prevê que essa infraestrutura aumentará a demanda em cerca de 5 por cento até 2025. O lítio, o cobalto, o grafite e o manganês utilizados nas baterias também verão demanda adicional.
Cobre e cobalto
A Glencore receberá impulso com o aumento das vendas de veículos elétricos, que respalda os preços do cobre, e também de sua posição de maior produtora de cobalto do mundo, segundo o Jefferies Group. A Freeport-McMoRan e a First Quantum Minerals também estão entre as melhores escolhas dos investidores de longo prazo que buscam tirar proveito da tendência, informou a corretora em nota, na terça-feira.
Os mercados estão respondendo. O cobalto subiu 70 por cento na Bolsa de Metais de Londres neste ano após avançar 37 por cento em 2016. Os preços do lítio estenderam os ganhos nos últimos anos. O cobre também cresceu 14 por cento em 2017 devido aos sinais de ressurgimento do crescimento econômico, particularmente na China.
Por outro lado, produtores de chumbo como Recylex e Campine podem precisar adaptar as operações à nova era. O principal uso final do chumbo são as baterias de partida para motores a gasolina e a diesel. Os veículos elétricos, em contrapartida, são alimentados por unidades de íons de lítio.
“É um risco sério para a demanda do chumbo, a menos que você encontre diferentes aplicações para compensar o declínio”, afirmou Michael Widmer, chefe de pesquisa do mercado de metais do Bank of America Merrill Lynch em Londres.
Não são apenas as diferenças no uso de baterias e fios que estão forçando uma mudança.
Metais leves como o alumínio estão substituindo o aço para permitir que os carros rodem mais usando menos energia. A mudança já expandiu a demanda em cerca de 1,6 milhão de toneladas, ou 2,7 por cento da produção global, entre 2013 e 2016, uma tendência que provavelmente vai acelerar, disse Widmer.