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sexta-feira, 8 de janeiro de 2016



Fonte: Revista Brasil Energia - Edição de Janeiro/2016

Invasão chinesa

Gigantes asiáticas estão ocupando espaço no setor elétrico brasileiro e devem crescer ainda mais aproveitando a oferta de ativos e o real desvalorizado

[04.01.2016] 16h04m / Por Fabio Couto
Quem trabalha no setor elétrico talvez já considere aprender mandarim, com a chegada maciça de empresas chinesas ao país, especialmente num momento em que o país tem um alto volume de oportunidades de negócios, somado a uma desvalorização do real, que torna ativos nacionais atraentes aos olhos de empresas asiáticas com bolsos cheios.
Com o leilão de hidrelétricas antigas, realizado em novembro, a China Three Gorges (CTG) passou a ser a sexta maior geradora do país. Numa só tacada, levou por R$ 13,8 bilhões as usinas Jupiá (1.551 MW) e Ilha Solteira (3.444 MW), anteriormente nas mãos da Cesp, e passou a contar com cerca de 6 GW de capacidade instalada. “A CTG viu no Brasil o mesmo tipo de DNA que temos na China que é de grandes usinas, grandes construções”, disse João Meirelles, vice-presidente de Gestão de Novos Negócios da CTG.
A CTG Brasil, subsidiária da empresa que detém a concessão da maior hidrelétrica do mundo em capacidade instalada, chegou ao país de forma indireta: ao comprar a parte do governo português na EDP, em 2011, a empresa tornou-se, na prática, acionista da EDP Energias do Brasil, que controla as distribuidoras Bandeirante e Escelsa, além de ativos de geração e energias renováveis.
Em 2013, a CTG comprou da EDP 50% de participação nas hidrelétricas Cachoeira Caldeirão e Santo Antônio do Jari, ambas no Amapá. E no fim de 2014, a chinesa comprou 49% de participação em parques eólicos da EDP Renováveis, que somam capacidade instalada de 320 MW.
Transmissão
A China Three Gorges não é a única elétrica chinesa no Brasil. A State Grid, uma das maiores empresas da China no segmento, já colocou seus pés no Brasil, inicialmente adquirindo participação em linhas de transmissão da Plena Transmissoras, holding que reúne participações de empresas espanholas em empreendimentos de transmissão no Brasil.
Mas a State Grid ganhou mais corpo no país com três projetos de longa distância. Primeiro, arrematou a concessão da linha de transmissão que conecta a hidrelétrica de Teles Pires (PA, MT, 1.820 MW) ao sistema interligado. A linha possui 1.000 km e teve atraso de um ano no cronograma, devido a problemas ambientais e latifundiários.
Em seguida arrematou, em dois leilões, os circuitos que vão trazer a energia da hidrelétrica de Belo Monte para o Sudeste do país, em extensões não inferiores a 2 mil km, e com o uso de tecnologia de ultra-alta voltagem, em corrente continua.
Na geração hidrelétrica, muito antes da chegada das grandes empresas, já havia representantes asiáticos no Brasil: parte das turbinas da hidrelétrica de Jirau é chinesa, produzida pela DongFang.
Crescente em renováveis
Na área de renováveis, as chinesas também estão se movimentando em direção ao Brasil. A participação de companhias chinesas em terras brasileiras é baixa, mas existe a possibilidade de uma das duas chinesas – Sany ou Goldwind – levar os ativos brasileiros da combalida Impsa, que possui encomendas em aberto que somam 1 GW em fornecimento.
No mercado solar, até agora, a Yingli Solar foi a única que chegou ao país, fazendo parceria com governos estaduais para fornecimento de sistemas fotovoltaicos aos estádios que sediaram partidas da Copa do Mundo no Brasil, em 2014.
A companhia ainda não tem contratos com empresas de geração solar, mas se fechar contrato, o fornecimento será por meio de importações.