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terça-feira, 14 de janeiro de 2020

Fonte:https://www.saberatualizadonews.com


Em um estudo de revisão publicado no periódico Bulletin of Science, Technology & Society (1), o pesquisador Norte-Americano James Powell - em associação com o National Physical Science Consortium (uma organização sem fins lucrativos nos EUA composta pelas principais universidades, laboratórios, corporações e agências governamentais voltadas para o ensino superior no campo das Ciências Físicas) - mostrou que o consenso entre os cientistas atestando o aquecimento global antropogênico como um fato científico cresceu para 100%, baseado na análise de 11602 artigos revisados por pares sobre as mudanças climáticas publicados nos primeiros 7 meses de 2019. As evidências acumuladas até o momento são inegáveis: as atividades humanas estão impactando perigosamente o clima global, em particular devido às crescentes emissões de gases estufas e consequente exacerbação do efeito estufa atmosférico.
Desde que Manabe & Wetherald (1967) mostraram via um simples modelo computacional que ao se dobrar a concentração de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera a temperatura global subiria em cerca de 2°C (menor do que as atuais estimativas, mas não por muito), as evidências corroborando a Teoria do Aquecimento Global Antropogênico (AGA) rapidamente se acumularam nas décadas seguintes. A partir da década de 1970, um primeiro consenso entre os cientistas climáticos emergiu defendendo que a AGA era real e preocupante. A preocupação científica alcançou o nível governamental, o que culminou na primeira e famosa Convenção-Quadro sobre o Clima, evento que foi sediado no Rio de Janeiro, em junho de 1992. E o objetivo do encontro: "Alcançar a estabilização das concentrações de gases estufas na atmosfera a um nível que preveniria perigosas interferências antropogênicas com o sistema climático."

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(2) Leitura recomendada: Modelos climáticos e as Nuvens: Por que os negacionistas insistem nessas teclas?

Mas como ações para frear as emissões de gases estufas, especialmente CH4 e CO2, batem de frente com a poderosa indústria dos combustíveis fósseis, uma pesada campanha de negacionismo climático começou a ser fomentada e financiada, apoiada especialmente em cientistas céticos quanto à realidade da AGA. À medida que os argumentos dos cientistas céticos foram sendo derrubados, restaram apenas os negacionistas, os quais começaram a usar pseudo-ciência para sustentar ideologias pessoais ou ideias ultrapassadas. Com a atividade solar mostrando-se totalmente não associada com o aquecimento global do pós-industrial no decorrer do século XXI, "argumentações" ridículas começaram a emergir dos negacionistas climáticos, como a ideia de que o efeito estufa atmosférico não existiria. Nos últimos anos, nenhum trabalho científico negando a AGA foi publicado em periódicos de alta qualidade, como a Nature e a Science. Estudos de revisão em 2013 e em 2016 encontraram consensos entre cientistas climáticos ativos (publicando trabalhos científicos na área) sobre a AGA que aumentou de 97% para 99,94%.
Nesse sentido, no novo estudo, foram analisados 11602 artigos científicos revisados por pares publicados de 1 de janeiro de 2019 até o início de Agosto sobre 'aquecimento global' e 'mudanças climáticas', através do banco de dados do Web of Science. Enquanto alguns poucos trabalhos científicos questionavam o quão acurado eram as previsões da teoria AGA, nenhum a rejeitou ou usou as incertezas associadas para rejeitá-la. O acumulado de trabalhos - especialmente aqueles publicados em periódicos de grande impacto - não deixou dúvidas: não existe mais espaço para o negacionismo. A velha desculpa do "Não existe consenso!" não vale mais. A AGA é um fato científico, e isso precisa ficar bem claro para a população.

(1) Publicação do estudo: SAGE